Para economistas, Copom acertou ao mudar o tom sobre cortes da Selic
Órgão do Banco Central indicou nesta quarta-feira (20/3) que ritmo da redução dos juros no Brasil pode diminuir depois de maio
atualizado
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) informou que pode pisar no freio dos cortes da taxa básica de juros do país, a Selic. E essa foi a principal novidade do comunicado divulgado nesta quarta-feira (20/3) pelo órgão do BC. Para economistas e analistas de mercado, a medida faz sentido, embora deva atiçar divergências políticas.
Uma análise da Ativa Investimentos destacou que a justificativa para a mudança de tom do BC está centrada no aumento da incerteza do cenário econômico. Por isso, a situação exige uma !maior cautela na condução da política monetária, ensejando maior flexibilidade e menos rigidez no compromisso com o ritmo das reduções da Selic”.
Na avaliação de Márcio Holland, professor na Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EESP) e ex-secretário de Política Econômica no Ministério da Fazenda (2011-2014), a decisão do Copom é condizente com o “cenário atual”, tanto internacional como local.
Entre os fatores que compõem o atual quadro, ele cita um contexto de incerteza sobre a política monetária nos Estados Unidos, assim como o “cenário fiscal doméstico nebuloso”. Preocupam também a inflação de serviços no Brasil e o aquecimento do mercado de trabalho, com aumento da massa real de salários. “Por isso, a decisão foi acertada”, diz Holland.
O economista observa que, mesmo com o eventual menor ritmo dos cortes da taxa depois de maio, o Copom “segue em linha com o cenário de Selic a 9,25% e 9,50% para final do ano”.
Para Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, a alteração da perspectiva para a Selic foi dura, mas pertinente. “Indica que nesse momento o Copom só se sente confortável em afirmar que vai promover mais uma queda de 0,5 ponto percentual”, diz. “O que vai acontecer depois é uma grande incógnita, vai depender de dados. Acho que o Banco Central foi bem nesse comunicado. Acredito que essa é a linha que ele tem de seguir.”
Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital, considera que a mudança “deixa um clima de incerteza” no ar, sobre o que pode acontecer nas próximas reuniões do Copom. “Mas também penso que pode ser apenas uma forma de comunicar para que o governo mantenha seus objetivos fiscais”, afirma.