Para banco britânico, Brasil ainda terá déficit de 1% do PIB em 2024
A meta do governo brasileiro de zerar o déficit primário no ano que vem não deve ser alcançada, diz relatório do banco britânico Barclays
atualizado
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A meta de zerar o déficit primário já em 2024, considerada “desafiadora” pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não deve ser alcançada. É o que projeta o banco britânico Barclays, em relatório divulgado nesta semana.
De acordo com a instituição financeira, o Brasil deve fechar o ano que vem ainda sem equilibrar as contas públicas, com um déficit primário de 1% do Produto Interno Bruto (PIB).
Segundo a análise do Barclays, para zerar o déficit em 2024, o país teria de obter uma receita líquida extraordinária ou promover um corte de gastos de R$ 120 bilhões. As contas vêm em linha com o que o próprio governo tem estimado.
“Se as propostas de aumento de receitas apresentadas ao Congresso não forem aprovadas a tempo e/ou forem diluídas, a receita condicional precisaria ser removida do rascunho de orçamento. Nesse caso, as despesas teriam de ser aparadas ou ao menos temporariamente congeladas, possivelmente impondo alto custo político”, diz o relatório do Barclays, assinado pelo economista do banco para o Brasil, Roberto Secemski.
“Caso contrário, a meta de resultado primário teria de ser rebaixada, impondo grandes custos de credibilidade”, diz o Barclays.
Se não houver, de fato, condições para que o Brasil zere o déficit primário no ano que vem, o banco britânico avalia que o melhor cenário para o país é não mexer na meta estipulada até aqui, sob pena de afetar a própria credibilidade da equipe econômica.
Pressão sobre Haddad
Recentemente, o ministro Fernando Haddad reconheceu que a meta do déficit zero em 2024 é “desafiadora” e “põe pressão” sobre o governo.
A meta, considerada cada vez mais improvável por analistas, foi mantida no Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) de 2024, encaminhado ao Congresso. Se ela for cumprida, o governo terminará o ano que vem com despesas equivalentes às receitas e sairá do vermelho.
“A equipe está muito empenhada em obter os melhores resultados possíveis. Não vamos abdicar das nossas metas em virtude da dificuldade. Se houver qualquer tipo de frustração aqui ou ali, vamos tomar medidas para repor o que possa se frustrar”, afirmou Haddad em entrevista coletiva no escritório do Ministério da Fazenda em São Paulo.
“É desafiador. Ninguém está negando que é uma meta desafiadora. E isso põe pressão sobre todos nós, uma pressão benéfica. Todo mundo tem que remar para o mesmo lugar”, disse Haddad.
“A equipe está segura de que nós vamos melhorar o desempenho fiscal do país no ano que vem se as medidas que nós mandamos para o Congresso forem aprovadas”, concluiu o ministro.