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Pacote do governo não é bala de prata nem grand finale, diz Haddad

Durante almoço com banqueiros, ministro da Fazenda disse que há a possibilidade de enviar mais leis ao Congresso

atualizado

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Haddad Governo detalha medidas de corte de gastos
1 de 1 Haddad Governo detalha medidas de corte de gastos - Foto: Canal Gov

Durante almoço com banqueiros e CEOs promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em São Paulo, nesta sexta-feira (29/11), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), defendeu o ajuste fiscal, não descartou a adoção de mais medidas para cortar gastos, pediu “cautela” aos críticos do pacote fiscal e disse que não há uma “bala de prata” para resolver os problemas econômicos.

“Agora, não vamos fazer tudo que precisa ser feito em uma bala de prata, e não é o grand finale do que a gente precisa fazer. Daqui três meses, eu posso estar na planilha discutindo a evolução da previdência, do BPC. Pode ser que eu tenha que mandar leis para o Congresso”, ponderou Haddad.

Anunciado na última quarta-feira (27/11), o pacote de corte de gastos prevê economia de R$ 70 bilhões em 2025 e 2026. Segundo o ministro, é possível que, daqui a três meses, ele esteja debruçado sobre as planilhas de gastos novamente. Haddad lembrou que a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva herdou o déficit de governos passados, e afirmou que as medidas não representam uma “concessão”. Segundo o ministro, ninguém está vendendo “milagres” no governo.

“É fácil falar: ‘Faz o ajuste, a lição de casa’. Não estou fazendo o ajuste para fazer concessão a ninguém. Eu acredito nele, é uma crença, pela minha formação”, disse Haddad.

Uma das medidas propostas é o endurecimento das regras para as pessoas que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC), de forma a obrigar a atualização de cadastros que estejam desatualizados há mais de 24 meses. Haddad ressaltou que um terço das pessoas beneficiadas pelo BPC não têm suas deficiências cadastradas.

“Não se sabe o que essas pessoas têm para ter acesso ao BPC”, afirmou Haddad.

Déficit zero

Na avaliação do ministro, o governo só não cumprirá a meta de déficit zero este ano porque não conseguiu “aprovar tudo o que queria” no Congresso Nacional. Ainda assim, Haddad reforçou que o relacionamento com o Congresso é “ótimo” e que acredita que a tramitação das medidas de corte de gastos deve ocorrer de forma tranquila e sem grandes problemas com o governo. “Se tivermos alguma surpresa, será positiva.”

Também presente no almoço, o diretor de política monetária e futuro presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse que o pacote fiscal enviado pelo governo ainda está sendo “digerido”.

“A fala do Haddad esclarece bastante qual é a visão dele sobre o rumo da economia. O ministro disse aqui que ele está dando passos na direção correta, que não é bala de prata.”

Para o futuro presidente do BC, considerando o cenário de uma moeda mais desvalorizada e de um mercado de trabalho mais apertado e crescendo mais do que se imaginava, “parece lógico você imaginar que vai precisar ter uma taxa de juros mais contracionista por mais tempo”.

Galípolo fez questão de lembrar que o país voltou a bater recorde mínimo de desemprego. “Foi a queda mais rápida que a gente viu no nível de desemprego”, afirmou.

Para o presidente do conselho da Febraban e do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, o caminho do ajuste fiscal não tem volta. “O avanço da pauta de estabilização fiscal da economia tem nosso apoio”, disse Trabuco.

Dólar

Pela manhã, no início do pregão, o dólar bateu um novo recorde nominal ao atingir os R$ 6,11. A alta é resultado da reação negativa do mercado às medidas de corte de gastos e alterações na isenção do Imposto de Renda, detalhadas na quinta-feira (28/11).

Analistas do mercado acreditam que as medidas não serão suficientes para equilibrar as contas e defendem que a opção por elevar a faixa de isenção do Imposto de Renda acabou diluindo os efeitos positivos que poderiam ter sido trazidos com os ajustes nos gastos.

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