ONGs superam polícias em lista de instituições mais confiáveis

A lista de instituições mais confiáveis no país é encabeçada por ONGs ligadas a causas sociais. A seguir, aparecem três núcleos da polícia. Pela ordem, são elas a Civil, a Federal e a Militar. A quinta colocação do ranking é ocupada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na última posição, em nono lugar, aparece o Congresso Nacional (veja lista completa no quadro abaixo).

É isso o que mostra uma pesquisa realizada pelo Instituto Travessia, de São Paulo, com exclusividade para o Metrópoles. O levantamento foi feito entre 14 e 15 de dezembro, por meio de cerca de mil entrevistas por telefone, com pessoas com idades a partir de 16 anos, espalhadas por todo o país.

Os participantes da sondagem deram uma nova de zero a cinco para cada uma das nove instituições apresentadas em uma lista. Renato Dorgan Filho, sócio e analista do Travessia, considerou surpreendente a posição ocupada na enquete pelas organizações não governamentais, as ONGs.

Para ele, há na sociedade um processo de deslocamento do tipo de entidade com as quais as pessoas mais se identificam e consideram confiáveis. “O fato é que, ao longo dos últimos anos, muita gente encontrou novas formas de representação institucional”, diz. “Em muitos casos, essa relação não envolve mais grandes sindicatos, mas, sim, ONGs ligadas a causas sociais, ao meio ambiente ou a questões identitárias como de raça e gênero, por exemplo.”

Por outro lado, nota o técnico, é natural o destaque expresso na pesquisa das três áreas da polícia, duas delas estaduais, a Civil e a Militar, e da Federal, entre o segundo e o quarto lugares. Ele afirma: “Essas organizações sempre têm suas torcidas, mesmo que isso não seja uma unanimidade entre a população. Em geral, esse grupo de admiradores é formado por pessoas que estão entre o centro e a direita no espectro político. E esse tipo de apoio faz diferença na sondagem”.

Na avaliação do analista, outro dado inesperado da enquete foi a presença do STF numa posição de considerável realce, em quinto lugar. “Em outras pesquisas que fizemos, há cerca de dois anos, a instituição não tinha essa evidência. Agora, parece que voltou para o jogo”, observa. “A mudança pode estar relacionada a questões como a defesa da democracia ao longo das eleições. Esse comportamento certamente conquistou parte do eleitorado, principalmente, os grupos mais à esquerda.”

Na rabeira da fila, ficaram três instituições políticas. Pela ordem, da melhor para a pior, foram os governos estaduais, as assembleias legislativas e o Congresso Nacional. “Alguns governos até que tiveram uma atuação elogiada pelos eleitores durante a pandemia, diz o técnico. “Tanto é assim que muitos governadores, 18 no total, foram reeleitos em 2022, a maior taxa desde 2006.”

Quanto às assembleias legislativas, elas são “totalmente desconhecidas pela maioria da população”, anota o analista. “Ninguém sabe o que acontece nelas.” Já o Congresso “não tem mais para onde como cair”. Dorgan Filho conclui: “O resultado ruim na pesquisa dessas instituições, sob o ponto de vista da população, só reafirma a debacle da política tradicional.”