Oito presidentes em 8 anos; o que explica o “troca-troca” na Petrobras
Para especialista no setor e ex-presidente da estatal, executivos têm de se equilibrar entre as exigências dos governantes e as do mercado
atualizado
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Mudam-se os presidentes, mas ficam – ou mesmo, acentuam-se – os problemas. Essa é, em síntese, a avaliação de especialistas ouvidos pelo Metrópoles sobre a troca de comando no topo da Petrobras, com a saída de Jean Paul Prates e a entrada de Magda Chambriard (foto em destaque) no posto de CEO da empresa.
Para esses técnicos, um dos principais problemas de gestão da estatal é resultado da necessidade de os altos executivos terem de se equilibrar entre dois mundos, não raro, com interesses antagônicos. São eles o público, sob o poder de mando do governo – o maior acionista da empresa –, e o privado, onde se dá a pressão do mercado.
Adriano Pires, que atua há mais de 30 anos no setor de petróleo e gás e é sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), afirma que Prates foi demitido por não cumprir no cargo o que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva queria. “Ou mesmo, por não cumprir na velocidade que Lula queria”, diz. “A Magda chega com a missão de realizar essa tarefa. Se não conseguir, vai embora também. Não é à toa que nos últimos oito anos a empresa teve um presidente por ano.”
José Mauro Coelho, ex-presidente da Petrobras, entre abril e junho de 2022, na gestão Bolsonaro, observa que, se considerados os últimos quatro anos, a estatal teve seis CEOs. “Isso não é nada bom num setor em que os projetos exigem longo período de maturação”, afirma. “Aliás, isso é ruim para a companhia e para o país. E estamos falando de diferentes governos, com tendências opostas, mas o comportamento tende a ser o mesmo.”