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O que explica o tombo de 28% do investimento externo no Brasil em 2023

Segundo analista, queda no investimento estrangeiro é momentânea e se deve ao ambiente político “ruidoso” e à insegurança jurídica

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Os investimentos estrangeiros no Brasil registraram uma forte queda nos quatro primeiros meses deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. É o que mostram dados divulgados pelo Banco Central (BC) no dia 26 de maio.

De acordo com a autoridade monetária, os Investimentos Diretos no País (IDP) recuaram 28,3% no período entre janeiro e abril de 2023, em relação aos quatro primeiros meses de 2022.

Em valores líquidos, esse montante caiu de US$ 33,9 bilhões (descontadas as saídas) para US$ 24,3 bilhões. As informações foram publicadas pela coluna do jornalista José Fucs, em O Estado de S. Paulo.

Somente em abril deste ano, os aportes externos despencaram 70,3% na comparação com o mesmo mês do ano passado, de US$ 11,1 bilhões para US$ 3,3 bilhões.

Em 12 meses, o saldo do investimento estrangeiro no país foi de US$ 81,958 bilhões, o que corresponde a 4,17% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

A projeção do BC para este ano é que o IDP alcance US$ 75 bilhões.

Momento político “ruidoso”

Segundo Hugo Queiroz, diretor de Corporate Advisory da L4 Capital, a queda nos investimentos estrangeiros no Brasil é “momentânea” e “pontual” e pode ser explicada pelo momento político “ruidoso” e “conturbado”.

Entre os fatores que podem ter afastado os investidores, diz Queiroz, estão os choques entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o BC e discussões sobre mudanças em leis já aprovadas pelo Congresso, como o marco do saneamento e a privatização da Eletrobras.

“Aumentou a insegurança jurídica com algumas discussões sobre regramentos já estabelecidos, principalmente envolvendo o marco do saneamento”, afirma Queiroz.

“As discussões sobre uma eventual troca de comando no Banco Central afetam o efeito de previsibilidade. Tivemos um aumento de riscos ligado a essa turbulência política dos últimos meses. Nesse cenário, os investidores, naturalmente, dão uma freada nos aportes para observar se as mudanças vão se materializar ou não”, explica.

Para Queiroz, no entanto, o momento atual de desconfiança deve ser superado e os investimentos estrangeiros voltarão a crescer no país.

“Para mim, se trata de um momento pontual, de início de governo. Não acredito que a redução do ritmo de investimento estrangeiro no Brasil se mantenha. Ao contrário: temos muitos fatores que ajudam no crescimento dos investimentos”, afirma.

“O investidor estrangeiro gosta da parte de infraestrutura. Temos muitos investimentos já contratados nesse setor”, prossegue Queiroz. “A tendência é a de que tenhamos uma aceleração forte de investimentos nos próximos 10 anos.”

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