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O que abriu caminho para um acordo entre os bancos e a Americanas

O trio de acionistas de referência da empresa concordou em melhorar a proposta aos credores e aliviar a situação financeira da empresa

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O trio de acionistas das Americanas
1 de 1 O trio de acionistas das Americanas - Foto: Reprodução

A última semana foi marcada por um fato surpreendente na disputa entre a Americanas e seus grandes credores. O Bradesco aceitou levantar a bandeira branca e suspendeu um processo de produção antecipada de provas, que movia contra a empresa desde janeiro. O armistício foi confirmado pela Justiça e vale até 24 de novembro. E qual foi o motivo da trégua? Simples: o trio de acionistas de referência da varejista, formado pelos bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, resolveu colocar a mão no bolso e um acordo entre as partes nunca esteve tão próximo.

A principal mudança nas negociações foi exposta em um fato relevante divulgado ao mercado em 10 de setembro pela Americanas. O primeiro item do texto define que os acionistas de referência assumiram o compromisso de aliviar a situação da companhia, com um aumento de capital de curto prazo, em dinheiro, no valor de R$ 12 bilhões.

Isso quer dizer que os acionistas vão colocar essa bolada na empresa em troca de ações. Desse valor, porém, deve ser descontado R$ 1,5 bilhão já aportado pelo trio sob a forma de empréstimo, dentro do processo de recuperação judicial da varejista, iniciado em janeiro. Ou seja, na prática, há R$ 10,5 bilhões em dinheiro novo.

Na proposta anterior da Americanas, havia a previsão de um desembolso de R$ 10 bilhões pelos acioonistas, com outras duas rodadas de R$ 1 bilhão cada, mas com prazos mais longos e ambas condicionadas a fatores como a evolução do endividamento e a situação do caixa da empresa. Agora, a quantia entra nos cofres da empresa “assim que a oferta de ações acontecer”, disse ao Metrópoles uma fonte a par da negociação, e “isso altera a negociação”.

Dívida por ações

O segundo tópico do fato relevante de 10 de setembro estabeleceu ainda que os credores também vão participar de uma capitalização de dívida no valor de R$ 12 bilhões, dentro do processo de recuperação judicial. Isso quer dizer que quem está na fila para receber dinheiro da varejista vai poder trocar o débito por ações até esse montante. Isso não é dinheiro novo, mas reduz de forma expressiva o endividamento geral.

Além disso, segundo o acordo em discussão, haverá mecanismos como um leilão reverso e o pré-pagamento de dívidas com descontos. Se todos os pontos da negociação avançarem de forma positiva, a atual dívida da Americanas, estimada em R$ 42 bilhões, será reduzida a R$ 1,875 bilhão. Para liquidar essa quantia remanescente, a empresa propõe emitir uma nova debênture, um título da dívida, com novos prazos e condições de mercado.

Forte pressão

Na Justiça e nos bastidores das negociações, a Americanas vinha sendo fortemente pressionada pelos credores. A ação suspensa na semana passada pelo Bradesco, por exemplo, realizava uma perícia em e-mails e outros documentos trocados pela cúpula da companhia nos últimos dez anos. O objetivo da varredura, agora interrompida, era definir os responsáveis pela fraude contábil de R$ 20 bilhões identificada no balanço da companhia, divulgada ao mercado no início de janeiro.

 

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