O prejuízo milionário da XP com a queda de 90% das ações da Americanas
A XP teria perdido cerca de R$ 125 milhões com a desvalorização de ativos da Americanas; baixa contábil deve afetar o resultado de 2023
atualizado
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Enquanto a maioria dos grandes bancos decidiu provisionar (lançar a fundo perdido) as dívidas da Americanas no final de 2022, a corretora XP ainda não deu baixa em R$ 125 milhões que perdeu por causa de operações que tinha com a varejista.
Durante a teleconferência com analistas de mercado, executivos da XP disseram que a provisão dos R$ 125 milhões deve ser feita no primeiro trimestre de 2023 e que isso deve reduzir o lucro líquido do período. O impacto deve ser de algo como 15% dos ganhos líquidos dos três primeiros meses do ano. As contas são da equipe de análise do banco UBS BB, com base no que foi dito na teleconferência.
Ao contrário dos bancos, que concederam crédito diretamente para a Americanas, a XP tinha títulos de dívida, como debêntures, e ações da varejista sob custódia. Parte disso estava em carteira por uma obrigação regulatória e parte estava sob custódia temporária – ou seja, a corretora havia comprado esses ativos de clientes para repassar para outros clientes.
Antes que a intermediação acontecesse, a Americanas anunciou o problema contábil de R$ 20 bilhões no balanço. A partir daí, as ações da varejista iniciaram uma queda vertiginosa que já chega a 90%. Os títulos de dívida também passaram a valer zero, uma vez que tal passivo entrará na dívida a ser reduzida e renegociada no processo de recuperação judicial.
Do dia para a noite, a XP se viu com “um mico” nas mãos. Se tivesse decidido lançar a provisão no final de 2022, como fizeram os bancos, a empresa teria amargado um resultado ainda pior no ano passado.
No último trimestre de 2022, a XP registrou um lucro de R$ 783 milhões, o que representa um ganho 24% menor em relação ao mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano, o resultado ficou estagnado.
As receitas e a captação de recursos foram menores em todas as linhas (tanto com clientes de varejo, como pequenos investidores, como para o atacado, composto por grandes investidores). No acumulado do ano, a captação encolheu 10%.
As próprias ações da XP são um termômetro para quão decepcionante foi o resultado. No pregão seguinte à divulgação do balanço, a corretora caiu 20% na Bolsa de Nova York, onde tem capital listado. Nos últimos 6 meses, a XP perdeu quase 40% do seu valor de mercado.