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O motivo por trás do limite de posts imposto por Musk no Twitter

Limite de posts que podem ser vistos por dia no Twitter gerou críticas de usuários; empresa perdeu 60% do valor desde a compra por Elon Musk

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Muhammed Selim Korkutata/Anadolu Agency/Getty Images
Foto colorida do rosto de Elon Musk tendo em frente o ícone de passarinho do Twitter - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida do rosto de Elon Musk tendo em frente o ícone de passarinho do Twitter - Metrópoles - Foto: Muhammed Selim Korkutata/Anadolu Agency/Getty Images

O bilionário Elon Musk virou o Twitter de cabeça para baixo nas últimas 72 horas. No sábado (1º/7), Musk anunciou que usuários passariam a ter um limite de postagens vistas por dia; na véspera, já havia bloqueado o acesso a tweets públicos para quem não fizesse login na plataforma.

As mudanças de Musk e a instabilidade na plataforma nos últimos dias geraram críticas de usuários, como mostrou o Metrópoles. Com as críticas, Musk recuou e aumentou em algumas centenas o número de posts autorizados para cada usuário, embora mantendo um limite diário.

Ao justificar a decisão, o magnata afirmou que o objetivo é “lidar com níveis extremos de extração de dados e manipulação do sistema”.

A movimentação mostra como ferramentas como o ChatGPT estão tirando o sono do bilionário. Musk já vinha questionando nos últimos tempos o uso de postagens públicas do Twitter para extração de dados e treinamento de inteligência artificial (IA).

“Nós vamos totalmente tomar medidas legais contra aqueles que roubaram nossos dados e esperamos vê-los no tribunal”, disse, em entrevista à agência americana Reuters.

Ao exigir um login para acessar quaisquer conteúdos postados na rede e limitar os posts que podem ser vistos por dia, Musk tenta frear o uso automatizado do Twitter pelo ChatGPT e outros mecanismos de IA.

O bilionário já vinha criticando com frequência ferramentas de IA sendo desenvolvidas por concorrentes como Google e Microsoft (a última tem participação na OpenAI, dona do ChatGPT). Musk afirma que criará seu próprio mecanismo de IA, a ser batizado, segundo ele, de “TruthGPT” (usando a palavra “verdade”, em inglês).

“Eu estou simplesmente começando tarde. Mas vou tentar criar uma terceira opção”, prometeu Musk, afirmando que a IA dos concorrentes foi ensinada a “mentir”.

Não é a primeira tentativa de travar dados na gestão Musk. Logo ao comprar o Twitter, em uma transação de US$ 44 bilhões no ano passado, Musk já havia decidido fechar o acesso gratuito à chamada API da rede social, que permitia que empresas e pesquisadores acessem dados da plataforma.

Twitter perdeu dois terços do valor de mercado

Agora, as novas medidas dificultam ainda mais o uso automatizado de conteúdo por terceiros. Na outra ponta, ao exigir login para os acessos, a companhia tenta estimular novos usuários a criarem contas e garantir maior precisão na venda de anúncios, em uma corrida na companhia para trazer de volta anunciantes e aumentar o faturamento.

A grande preocupação de Musk é que o Twitter não tem conseguido aumentar a base de usuários e assinantes pagos e, enquanto isso, perdeu anunciantes desde que o bilionário chegou ao comando da empresa.

Historicamente, foram sempre os anunciantes que pagaram a conta no Twitter (e em outras redes sociais). Antes de fechar capital, os dados mostravam que 90% do faturamento da rede social vinha de anúncios, uma vez que o acesso era gratuito.

Pela via do usuário, no entanto, Musk ainda sofre para fazer engrenar o “Twitter Blue”, o pacote de assinatura da rede social, por US$ 8/mês. Fontes ouvidas pelo site especializado The Information, no Vale do Silício, estimaram que o plano tinha menos de 300 mil assinantes em fevereiro. A empresa não revela o total de assinantes.

Na nova medida de Musk, o limite de posts que podem ser vistos é maior, de 6 mil por dia, para quem paga a assinatura. Para os demais, são 600 posts por dia (e 300 para contas novas).

Nos bastidores, enquanto isso, o Twitter enfrenta problemas de tecnologia após a demissão de 80% de sua força de trabalho. Usuários reclamam de instabilidade e o próprio Musk admitiu que está difícil manter a engrenagem funcionando, o que atribuiu a “dados roubados”.

“Medida de urgência temporária”, disse, ao comentar a necessidade de login para ver as postagens. “Estávamos recebendo tantos dados roubados que estava piorando o serviço para usuários normais!”, escreveu ele no Twitter.

O Twitter fechou capital na bolsa quando foi comprado por Musk, mas dados de um dos investidores (que segue com capital aberto e, portanto, tem de reportar as variações) mostram que o valor de mercado estimado da companhia caiu mais de 60% desde a mudança de gestão.

Por esses cálculos, Musk teria perdido ao menos US$ 17 bilhões desde a compra. Hoje o homem mais rico do mundo, Musk é dono da montadora de carros elétricos Tesla, de onde vem a maior parte de sua fortuna, além de empresas como a fabricante de foguetes SpaceX.

O vai e vem nas regras do Twitter ocorre logo após a companhia mudar de comando neste mês: Musk oficialmente deixou o posto de presidente do Twitter e escolheu a executiva Linda Yaccarino para substituí-lo.

Segundo a primeira entrevista da executiva, publicada nesta semana pelo jornal britânico Financial Times, seu principal objetivo é recuperar anunciantes, aumentar o número de usuários e atrair de volta à plataforma celebridades que pararam de usar o Twitter em meio às controvérsias recentes. A chuva de críticas após as novas reviravoltas do fim de semana não tornaram a tarefa mais fácil.

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