O carro popular vem aí? É o que Lula define com as montadoras nesta 5ª
Lula deve anunciar às 10h desta quinta-feira medidas para aquecer o setor automotivo no Brasil. Veja quais ações estão na pauta do Planalto
atualizado
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, reúnem-se com representantes de empresas e entidades da indústria automotiva, a partir das 10h desta quinta-feira (25/5). No encontro, serão anunciadas medidas de estímulo à venda de veículos no Brasil, cujo volume tem sido recorrentemente baixo em 2023.
Nos últimos meses, uma série de propostas vem sendo discutidas com o objetivo de promover tal impulso. Uma das mais badaladas é a reedição do carro popular, originalmente lançado em 1993, no governo Itamar Franco (foto em destaque). A ideia, ainda que não seja consensual, é oferecer aos consumidores um veículo com preço entre R$ 50 mil e R$ 60 mil. Hoje, os automóveis mais baratos à venda no mercado custam pouco menos de R$ 70 mil.
Carro popular
Para chegar a um valor menor, as hipóteses apontam, basicamente, em duas direções. Elas não são excludentes, mas complementares. Numa frente, tocada pelo governo, haveria redução de impostos, como o IOF, por exemplo. Na outra, a indústria eliminaria acessórios dos carros, preservando itens de segurança, eficiência energética e emissões de gases. Entre os itens dispensáveis, estariam sistemas de multimídia e detalhes do acabamento, como o forro dos bancos.
Redução de impostos
Sobre eventual redução de impostos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, na quinta-feira (24/5), que várias possibilidades estão sendo debatidas. “Mas tem coisa que pode até ser anunciada, mas que só dá para fazer no ano que vem, em virtude das regras fiscais”, afirmou o ministro, pouco antes de se reunir com o presidente Lula para discutir o assunto.
FGTS – Crédito
Outra forma de aquecer as vendas do setor é permitir a utilização de parte do FGTS para o financiamento de veículos, tanto novos quanto usados. Essa é uma proposta da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O governo, contudo, descartou a adoção dessa medida.
Outras ações com potencial para destravar o crédito no Brasil, ainda que limitado a um setor, também estão sendo analisadas. Uma delas seria a adoção de regras que favoreçam os credores na recuperação de bens financiados, em caso de inadimplência dos consumidores.
Caminhões e exportação
As discussões mantidas entre o governo e a indústria também incluíram a adoção de ações para facilitar o financiamento de caminhões. As vendas dos “grandalhões” do setor caíram 40% em abril, na comparação com março. O tombaço foi resultado da elevação do preço desses veículos, a partir da incorporação de novas tecnologias contra a emissão de poluentes.
Governo e indústria também avaliaram nos últimos dias iniciativas que possam destravar as exportações, que caíram 23% entre abril e março. Dados divulgados pela Anfavea mostram que o Brasil vem perdendo terreno em mercados tradicionais e importantes, como na América Latina.
Grandes expectativas
Do lado da indústria, é grande a expectativa sobre as medidas que serão anunciadas pelo governo. Na quinta, o presidente da Stellantis (que reúne 20 empresas, como Fiat, Citroën, Peugeot e Jeep) para a América do Sul, Antonio Filosa, encontrou-se com Haddad, em Brasília. “A reunião foi ótima”, disse. “Há forte intenção de apoiar a reindustrialização do país.”
Filosa observou que a “receita completa” para estimular o setor “deve considerar a necessidade de facilitar o acesso ao crédito e pode incluir algum tipo de isenção fiscal”. “Como contrapartida, haveria o compromisso da indústria de localizar a produção. Esse deve ser um programa que facilite o acesso, mas a demanda deve ser atendida com veículos produzidos no Brasil, com fornecedores nacionais, garantindo e gerando empregos.”
Sobre a redução do preço do carro popular – ou o que Filosa define como “carro verde acessível”, porque seria movido a etanol –, ele acrescentou: “A indústria deve fazer esforços, mas sem comprometer dois aspectos essenciais: a segurança e a eficiência energética com redução de emissões de CO2”. “Podemos simplificar alguns itens, mas nada que afete esses pontos”, frisou.