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O “boom” do Fiagro: fundo cresce 500% e supera marca de R$ 10 bilhões

Falta de crédito rural para suprir demanda do agro e chance de maior diversificação impulsionam investidores do Fiagro; retorno é de até 30%

atualizado

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Reprodução/Ministério da Agricultura
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1 de 1 agronegocio - Foto: Reprodução/Ministério da Agricultura

Disponível para os investidores há pouco mais de um ano, desde outubro de 2021, o Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro) vem superando as expectativas, crescendo de forma exponencial e caindo nas graças do mercado.

Atualmente, é possível investir no agronegócio comprando ações de empresas que atuam no setor ou por meio de títulos de renda fixa, como as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs). Mas essas opções são bem menos abrangentes do que o fundo criado a partir da Lei nº 14.130, de 2021.

O Fiagro permite a captação de recursos de investidores para aplicação em ativos do agronegócio. Grosso modo, os recursos captados são direcionados para investimentos em imóveis rurais e atividades da produção agroindustrial. O investimento também pode ser feito em valores mobiliários ou títulos de crédito.

Os números impressionam. Até o fim do ano passado, o crescimento do patrimônio líquido do fundo foi de espantosos 544% – o saldo total passou de R$ 1,6 bilhão para R$ 10,3 bilhões.

Dados da B3 mostram que, entre janeiro e novembro de 2022, o número de pessoas físicas que passaram a investir no Fiagro cresceu 417%, saltando de 30,7 mil para 158,8 mil.

Na trilha dos FIIs

Com funcionamento semelhante ao dos fundos imobiliários (FIIs), o Fiagro distribui dividendos, periodicamente, aos cotistas. No caso da aplicação em títulos imobiliários, a renda vem dos rendimentos distribuídos por esses ativos ou pela diferença entre os preços de compra e venda.

Segundo um levantamento da Quantum Finance, pelo menos quatro ativos fecharam o ano com rendimentos distribuídos superiores à taxa Selic (atualmente em 13,75% ao ano), com índices que variam entre 14% e 18%.

A Selic em dois dígitos colabora com a valorização das cotas e torna os dividendos distribuídos pelo Fiagro mais atrativos, já que a maioria dos fundos é indexada ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário, título de curto prazo emitido pelos bancos que acompanha de perto a Selic).

No acumulado de 2022, o retorno do Fiagro não deixou nada a desejar, com alguns fundos batendo na faixa dos 30%, percentual superior aos melhores resultados obtidos por FIIs, que variaram entre 20% e 22% no período.

“O Fiagro só cresceu tão rápido porque encontrou uma avenida pavimentada pelos fundos imobiliários. O investidor aprendeu a pagar e receber juro mensal. Quando o Fiagro começou, já tínhamos 1,5 milhão de investidores em FIIs”, afirma Octaciano Neto, diretor de Agronegócio na Suno e ex-secretário estadual de Agricultura do Espírito Santo.

“Juntou a fome com a vontade de comer”

Segundo especialistas ouvidos pela reportagem do Metrópoles, são dois os principais fatores que levaram ao “boom” do Fiagro no mercado brasileiro em tão pouco tempo: a falta de crédito agrícola para financiar a produção e a escassez de alternativas mais rentáveis de investimento no agronegócio, setor que mais tem contribuído para o crescimento da economia do país e que corresponde a cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

Em 2022, o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) foi de quase R$ 1,2 trilhão. O valor total concedido em crédito público por meio do Plano Safra, no entanto, não passou de R$ 340 bilhões.

“O Fiagro é um produto novo que mostra um enorme apetite do mercado para fortalecer o crédito rural no país”, explica Octaciano. “Tínhamos poucas opções de investimentos no agro. O investidor de Bolsa tem crescido muito no Brasil. O brasileiro está percebendo que a aposentadoria pelo INSS não é suficiente. Tem de fazer previdência privada e há várias formas para isso. Quando o Fiagro foi lançado, o investidor passou a ter uma opção a mais para diversificar o risco. Juntou a fome com a vontade de comer.”

Hugo Queiroz, estrategista-chefe e diretor do TC, destaca a desburocratização e a pujança do agronegócio como trunfos do Fiagro. “A criação de leis mais claras e transparentes e a redução da burocracia contribuíram bastante. Além disso, tem o crescimento do próprio setor. Nos últimos seis ou sete anos, o Brasil conquistou uma representatividade muito grande no agronegócio global e isso impulsionou o investimento”, analisa.

“Vemos o mercado de recebíveis crescendo fortemente, assim como listagens de companhias do setor no mercado acionário. Vemos novas empresas se estruturando para fazer o processo de IPO (oferta pública inicial de ações). Tem muita gente fazendo rodadas para captar recursos, principalmente em tecnologia de agronegócio. Efetivamente, o mercado de capital abraçou o agro como um importante segmento para se ter no portfólio”, ressalta Queiroz.

De acordo com o estrategista-chefe do TC, o agro ficou “ainda mais profissional” com a nova modalidade de investimento. “Vemos produtores rurais cada vez maiores. Até a própria organização da propriedade é semelhante àquela que observamos nos fundos imobiliários”, compara. “A minha expectativa é que o Fiagro ficará bem maior do que os FIIs. Eu vejo esse cenário se concretizando rapidamente, talvez nos próximos cinco anos.”

Até 2032, de acordo com projeções da Suno, o patrimônio líquido do Fiagro pode chegar a R$ 200 bilhões. “Deve continuar em forte expansão, independentemente da taxa de juros. O crescimento está contratado, até porque se trata do setor mais vibrante da economia nacional”, projeta Octaciano.

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