Cresce o número de pessoas que conseguem pagar dívidas em 2023
Pesquisa da Serasa Experian mostra que, em julho, 59,2% dos débitos em atraso foram regularizados, contra 57,5% do mesmo mês em 2022
atualizado
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Do total de dívidas de consumidores brasileiros negativadas em julho, 59,2% foram regularizadas ou renegociadas em 60 dias, ou seja, até o fim de setembro. O número representa um crescimento de 1,7 ponto percentual em relação ao mesmo mês do ano passado, quando ele ficou em 57,5%. Os dados fazem parte do Indicador de Recuperação de Crédito, elaborado pela Serasa Experian, divulgado com exclusividade pelo Metrópoles.
O estudo da empresa sempre considera o número de dívidas negativadas em determinado mês, negociadas ou quitadas nos 60 dias seguintes. Ele não se refere, portanto, ao estoque inteiro de débitos em atraso no Brasil. Hoje, existem perto de 71,8 milhões de brasileiros inadimplentes. Como cada um tem, em média, 3,5 dividas vencidas, existem cerca de 250 milhões de boletos em atraso no país.
De acordo com o levantamento, desde novembro de 2022, o grupo de pessoas físicas que conseguiu renegociar ou quitar dívidas estava acima da casa dos 60%. Em abril, ele chegou a 64,5%, caindo para 61,7% em junho e chegando aos 59,2%, em julho. Embora os números venham em queda, todos foram superiores aos registrados nos mesmos meses do ano passado. “Isso revela que o grau de regularização das dívidas está maior neste ano do que foi em 2022”, diz Luiz Rabi, economista da Serasa Experian.
Rabi observa que o indicador é fortemente influenciado por fatores sazonais. “Na verdade, ao longo do ano, os meses são diferentes e não comparáveis em uma sequência”, diz. “Logo, a relação relevante é sempre de um mês contra o seu equivalente do ano anterior.”
Desenrola
No dia 17 de julho, o governo federal lançou a primeira fase do programa Desenrola Brasil, que permite a renegociação de dívidas por parte de pessoas físicas. Embora tenha alcançado metade do mês, a medida não teve impacto expressivo no indicador da Serasa Experian.
Por quê? Rabi explica: “Como a recuperação de crédito por pessoas físicas é uma tendência que vem desde o início do ano, fatores macroeconômicos como a redução da inflação, o aumento do emprego e, mais recentemente, a queda dos juros explicam o fenômeno mais do que qualquer iniciativa pontual como o Desenrola”.
Tamanho das dívidas
O levantamento indica ainda que, em julho, as contas cujos valores eram de R$ 500 a R$ 1 mil foram as mais renegociadas ou quitadas, com 68% do total de pagamentos. A seguir, vieram as dívidas entre R$ 1 mil e R$ 2 mil, com 67,3%. As mais caras, acima de R$ 10 mil, tiveram um índice de 66,3% de acertos. Os débitos de valores entre médios e altos, de R$ 2 mil a R$ 10 mil, ficaram no fim da fila, com 51,7% dos pagamentos. E apenas 56,3% dos que deviam abaixo de R$ 500 resolveram o problema.
Divisão por setores
A análise por setor das dívidas sanadas mostra que o segmento formado por bancos e cartões foi maior foco dos consumidores. Do total de contas negativadas nessa área, 73,2% foram pagas ou renegociadas. A seguir, veio o varejo, com 55,9%. Os serviços de telefonia foram os que receberam menor volume de pagamentos, com 8,6%.
Regiões e estados
Segundo o Indicador de Recuperação de Crédito da Serasa Experian, em julho, o Nordeste liderou o ranking das regiões, com 66,5% das dívidas sanadas. Na sequência, ficaram o Sul (65,8%), o Centro-Oeste (61,0%), o Norte (59,6%) e o Sudeste (53,8%). No detalhamento por estado, a Bahia destacou-se com 70,2% das contas no vermelho regularizadas, seguida pelo Rio Grande do Sul, com 68,7%. Os três últimos lugares dessa lista foram ocupados por São Paulo (49,3%), Roraima (49,1%) e pelo Distrito Federal (48,8%).