Novo corte nos juros será avaliado a cada reunião, diz Jerome Powell
Se a economia seguir como o esperado, o FED projeta que o nível apropriado dos juros será de 4,4% no fim deste ano e 3,4% em 2025
atualizado
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O presidente do Federal Reserve (FED), Jerome Powell, descreveu a economia americana como “forte no geral”. No entanto, ele não garantiu que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, por sua sigla em inglês) seguirá reduzindo os juros. Durante entrevista coletiva nesta quarta-feira (18/9), ele disse acreditar que as condições atuais da economia permitiram realizar um corte maior nos juros, mas afirmou não querer que ninguém olhe para isso como um novo ritmo e foi incisivo ao dizer que o Comitê não está “em um curso pré-estabelecido” e que continuará a tomar decisões reunião a reunião.
“Podemos ir mais rápido se for apropriado, podemos ir mais devagar se for apropriado, podemos pausar se for apropriado”, disse Powell. Em sua avaliação, a economia está em “boa forma” e o mercado de trabalho está em condições sólidas. A intenção do Federal Reserve, disse o chairman do FED, é mantê-lo assim, por isso foi feito o corte de juros desta quarta-feira. “A economia dos EUA está em boa forma. Está crescendo em ritmo sólido. A inflação está caindo”, disse ele.
Segundo Powell, a decisão de cortar os juros em 0,50 p.p. reflete a confiança de que, com uma recalibração adequada da postura monetária, a força do mercado de trabalho pode ser mantida e a inflação seguirá caindo. Agora, o objetivo do banco central americano é manter a inflação estável e, ao mesmo tempo, garantir que as taxas de desemprego não aumentem: “Estamos tentando alcançar uma situação em que restauremos a estabilidade de preços sem o tipo de aumento doloroso no desemprego que às vezes ocorre com a desinflação”, disse.
Powell acrescentou que os investidores devem considerar o corte de 0,50 p.p. na taxa como um sinal de seu “forte comprometimento” em atingir essa meta. Segundo ele, se a economia seguir como o esperado, o FED projeta que o nível apropriado dos juros será de 4,4% no final deste ano e 3,4% no final de 2025.
Este foi o primeiro corte desde o início de 2020, um sinal claro de que banco central americano acredita que o país está vencendo uma batalha de anos contra a inflação. O corte de 0,50 pontos percentuais fez com que a taxa, que estava no intervalo de 5,25% a 5,50% desde julho de 2023, seja reduzida para 4,75% a 5% ao ano.
‘Não vamos voltar’ ao mundo das taxas de juros ultrabaixas
Ainda durante o encontro com os jornalistas, Powell disse não esperar que a era do dinheiro barato retorne. “Intuitivamente, a maioria — muitas, muitas pessoas, pelo menos — diria que provavelmente não voltaremos àquela era em que havia trilhões de dólares em títulos soberanos sendo negociados a taxas negativas, títulos de longo prazo sendo negociados a taxas negativas”, disse ele.
“Minha própria sensação é que não voltaremos a isso”, acrescentou Powell.
Ele acredita que a taxa neutra provavelmente está significativamente mais alta do que era naquela época, embora ainda não saiba quão alta ela é.
Comunicado do FED
No comunicado emitido logo após a reunião, o FED reforça que os indicadores recentes sugerem que a atividade econômica continua a se expandir em um ritmo sólido. Os ganhos de emprego desaceleraram, e a taxa de desemprego subiu, mas continua baixa e que a inflação fez mais progressos em direção ao objetivo de 2% do Comitê.
“O Comitê ganhou maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2%, e julga que os riscos para atingir suas metas de emprego e inflação estão aproximadamente em equilíbrio. A perspectiva econômica é incerta, e o Comitê está atento aos riscos. À luz do progresso na inflação e do equilíbrio de riscos, o Comitê decidiu reduzir a faixa-alvo para a taxa de fundos federais em 0,50 ponto percentual para 4,75% a 5% ao ano” .
O documento também deixa claro que o Comitê continuará reduzindo suas participações em títulos do Tesouro e títulos lastreados em dívidas de agências e hipotecas de agências e que está fortemente comprometido em apoiar o emprego máximo e retornar a inflação ao seu objetivo de 2%.
Ao avaliar a postura apropriada da política monetária, o Comitê garante que continuará monitorando a perspectiva econômica e que está preparado para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado se surgirem riscos que possam impedir a obtenção das metas. “As avaliações do Comitê levarão em conta uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, e desenvolvimentos financeiros e internacionais”, diz o documento.
Votaram a favor do corte Jerome H. Powell, presidente; John C. Williams, vice-presidente; Thomas I. Barkin; Michael S. Barr; Raphael W. Bostic; Lisa D. Cook; Mary C. Daly; Beth M. Hammack; Philip N. Jefferson; Adriana D. Kugler; e Christopher J. Waller. Apenas Michelle W. Bowman votou contra. Ela preferia reduzir a meta de intervalo para a taxa de fundos federais em 0,25 ponto percentual nesta reunião.
Apesar desse voto divergente sobre a decisão de cortar as taxas de juros, o banco central estava amplamente na mesma página sobre a decisão, declarou Powell. “Houve muita discussão e também houve amplo apoio à decisão que o Comitê votou”, disse Powell. “Há divergências e uma variedade de pontos de vista, mas, na verdade, também há muitos pontos em comum”, acrescentou.