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No mundo, classe política não aceita aperto fiscal, diz Campos Neto

Para presidente do BC, cenário internacional com gastos em alta requer que o Brasil faça “melhor seu dever de casa”

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Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comparece a audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado Federal
1 de 1 Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comparece a audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado Federal - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira (26/4), em evento realizado em Brasília, que o mundo passa por uma forte expansão de gastos, o que tem impacto não só sobre a dívida dos países, mas, no fim das contas, sobre a inflação. A agravante, observou o presidente do BC, é que a classe política global parece pouco afeita a escutar tal mensagem. Além disso, esse cenário exige que o Brasil faça “melhor o seu dever de casa”.

“Com o fiscal [grosso modo, a relação entre receitas e gastos públicos] mais expansionista, maior a dificuldade de controlar a inflação”, disse Campos Neto. “Falando globalmente, nas classes políticas é muito difícil passar essa mensagem de que é preciso fazer algum tipo de aperto agora.” E como isso não deve acontecer, concluiu, a “vida dos bancos centrais vai ficar mais difícil”.

Ao discorrer sobre esse tema, o presidente do Banco Central citou o caso dos Estados Unidos. “A dívida americana, depois da Segunda Guerra para cá, oscilou entre 30% e 40% do PIB”, disse, mostrando um gráfico sobre o tema. “Em algum momento em 2010, ela começou a subir. Agora, tem projeção de ir para 160% (do PIB). “É um crescimento bastante grande para um país que tem quase US$ 35 trilhões em dívida.”

Campos Neto observou que o “custo de rolagem” desse débito é especialmente elevado. “Quando cresce a dívida e a taxa de juros está perto de zero, não é uma coisa que pode gerar um grande problema”, afirmou. “Agora, se a gente tiver de conviver com juros mais altos por mais tempo, os temas de dívida vão voltar à tona. Estou usando os EUA como exemplo, mas, se estivesse olhando para a Europa, seria bastante parecido.”

Para o presidente do BC, tal situação significa que a barra está mais alta e, como consequência, o Brasil precisa “fazer melhor seu dever de casa”. Ele acrescentou que nas recentes reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI), das quais participou em Washington, a questão fiscal foi largamente debatida. 

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