“Ninguém cumpriu meta no mundo”, diz Haddad sobre inflação
“Está todo mundo com meta de 3% sabendo que não vai atingir. Ninguém cumpriu meta no mundo” em 2022, afirmou o ministro Fernando Haddad
atualizado
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Durante sua participação no seminário promovido pelo BTG Pactual, nesta quarta-feira (15/2), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a queda na taxa de juros, embora não tenha citado diretamente o Banco Central (BC) nem o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto – que está sob fogo cerrado do governo.
O ministro também deu a entender que, no patamar atual, a meta de inflação é difícil de ser cumprida.
Segundo Haddad, que na quinta-feira (16/2) participa de reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), ao lado de Campos Neto e da ministra do Planejamento, Simone Tebet, o debate sobre os juros está posto.
“Ninguém vai conseguir colocar um edital de PPP ou de concessão com juros nesse patamar. Com 8% de taxa real, é difícil navegar”, afirmou Haddad. “É melhor chamar atenção para isso do que para a meta. Está todo mundo com meta de 3% sabendo que não vai atingir. Ninguém cumpriu meta no mundo. Pega 2022. Entre todos os países com meta de inflação, ninguém cumpriu.”
Em sua fala, o ministro da Fazenda disse que o BC não pode ser influenciado por “ruídos”.
“Lamento se autoridade monetária se deixar levar por ruído. Você precisa ver o que está acontecendo de real. Não pode tomar uma decisão com base na fantasia momentânea de um estresse que pode acontecer”, concluiu Haddad.
Na reunião do CMN, é possível que seja debatida a eventual mudança nas metas de inflação. Segundo o CMN, a meta para este ano é de 3,25%. Como há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, a meta será cumprida se ficar entre 1,75% e 4,75%. Para 2024, a meta é de 3%. O governo deseja aumentar a meta para 3,5%, se não em 2023, em 2024.