Netflix quer acabar com o compartilhamento de senhas em 2023
Prática é usual entre 100 milhões de usuários no mundo. Medida tornou-se urgente com perda de 2,3 milhões no início deste ano
atualizado
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A Netflix quer acabar com o compartilhamento de senhas de assinantes a partir de 2023. A medida tem como objetivo combater uma prática realizada por mais de 100 milhões de usuários da plataforma de streaming em todo o mundo.
Em janeiro de 2022, após um crescimento vertiginoso no auge da pandemia, entre 2020 e 2021, a Netflix amargou a primeira queda de clientes em dez anos. As perdas somaram cerca de 2,3 milhões de assinantes, sendo 1,3 milhão no Canadá e nos Estados Unidos, além de outro milhão no restante do mundo.
Na prática, o compartilhamento de senhas já havia sido diagnosticado como um “grande problema” da plataforma em 2019, de acordo com uma reportagem publicada nesta semana pelo jornal americano Wall Street Journal (WJS). Mas as soluções para pôr fim à encrenca foram postergadas com o acréscimo da freguesia em 2020.
Em março, porém, começaram os testes de um recurso anticompartilhamento. O sistema exige a confirmação de titularidade da assinatura para o acesso à plataforma. Em julho, a companhia anunciou o lançamento da Netflix Homes. O recurso estabelece a cobrança de uma taxa extra para usuários que utilizem a mesma senha e não morem no mesmo endereço do titular da conta.
Em outubro, a Netflix já havia anunciado que a partir de 2023 iria implementar de vez a cobrança de todos os titulares que compartilhassem senhas. Testes para a implementação da medida haviam sido feitos na América Latina, em países como Argentina, Honduras, El Salvador, Chile, Costa Rica e Peru.
De acordo com o WSJ, estimativas do banco de investimentos Cowen Inc. indicam que perto de 30 milhões de pessoas compartilham senhas apenas nos Estados Unidos e no Canadá. Caso a prática fosse coibida, e tomando como base um valor hipotético de US$ 3 por assinatura, a empresa teria uma receita adicional de US$ 721 milhões (cerca de R$ 3,7 bilhões) em 2023, apenas nos dois países citados.
Outra ação para incentivar assinaturas – e reduzir compartilhamentos – foi o lançamento, em novembro no Brasil, de um plano básico de assinaturas com anúncios, que custa R$ 18,90. O pacote oferece uma redução de 27% em relação à versão sem propagandas, que sai por R$ 25,90.
O Bank of America (BofA) divulgou um relatório aos clientes dizendo que essa nova estratégia poderia ser um divisor de águas na história da empresa. Isso porque ajudaria a resolver dois problemas numa só cajadada. Por um lado, aumentaria a receita publicitária. Por outro, coibiria o compartilhamento de assinaturas.
Apesar dos problemas, houve uma melhora nos resultados da empresa no último trimestre deste ano. Nesse período, a Netflix registrou aumento de 2,41 milhões de assinaturas, uma alta associada principalmente a avanços no mercado da Ásia e Pacífico.
O resultado ajudou a reverter a queda nos primeiros seis meses deste ano. Após, a divulgação do balanço financeiro desse trimestre, as ações da Netflix subiram 14,12% na Nasdaq, a bolsa de empresas de tecnologia dos EUA. O valor de mercado da empresa foi estimado na ocasião em US$ 107,11 bilhões (cerca de R$ 550,4 bilhões).