“Não estudamos mudança de meta”, diz Campos Neto
“Em nenhum momento, o BC defendeu mudança de meta”, afirmou. “A instituição precisa trabalhar com o governo sempre”
atualizado
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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira (13/2), que não há estudo, da parte do BC, de mudança de meta da inflação para o país.
“Em nenhum momento o BC defendeu uma mudança de meta para dar flexibilidade”, disse Campos Neto. “O efeito prático (desse tipo de medida) vai ser perder flexibilidade.”
O chefe do BC afirmou, contudo, que “existem, obviamente, aprimoramentos a se fazer” na composição da meta da inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), integrado pelos ministros da Fazenda e do Orçamento e pelo presidente do Banco Central.
Atualmente, a meta para 2023 é de 3,25%, com margem de 1,5 ponto percentual de tolerância para cima ou para baixo. Em 2022, a inflação oficial foi de 5,79%.
“Estamos estudando desde 2017 com um grupo de diretores, que inclusive nem estão mais participando da Casa, como poderíamos aprimorar o sistema de metas. Não há uma proposta. Existem mais de uma. Mas, em nenhum momento, entendemos que o movimento de aprimoramento do sistema de metas seja um movimento que vise a ganhar flexibilidade ou atuar de uma forma diferente. É simplesmente melhorar o cumprimento das metas”, afirmou.
Relação com o governo Lula
Campos Neto disse ainda que o Brasil tem uma trajetória de gastos que é difícil de ser interrompida. Daí, uma das justificativas para os juros altos no país. Ele disse ainda que o BC é uma instituição de Estado. Nesse sentido, “aberta a trabalhar com o governo”.
“É importante reconhecer a legitimidade do resultado das eleições, da eleição do presidente Lula, que foi feita de uma forma democrática. O Banco Central é uma instituição de Estado, precisa trabalhar com o governo sempre”, afirmou o presidente do BC, que tem sido alvo de reiterados ataques do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para aproximar o BC do governo”, disse Campos Neto.
O presidente do BC indicou também que uma queda dos juros depende de elementos como a conclusão do arcabouço fiscal, que está sendo preparado pelo Ministério da Fazenda, e de avanços na reforma tributária. Ele afirmou que a mudança nos tributos não necessita sequer ser aprovada. Basta que existam sinais de que esteja avançando no Congresso.