Não aumentar meta de inflação foi “golaço” do CMN, diz economista
Para Marco Caruso, economista-chefe do PicPay, debate em torno de possível aumento da meta atrasou o início da queda de juros pelo BC
atualizado
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A decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de não elevar a meta de inflação para os próximos anos foi um “golaço” do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dá maior segurança à política monetária e abre espaço para o início do ciclo de queda da taxa básica de juros no país.
A avaliação é do economista-chefe do PicPay (que recentemente incorporou a operação de varejo do Banco Original), Marco Caruso.
Ao Metrópoles, o economista afirmou que o debate em torno de um possível aumento da meta de inflação no país atrasou a redução da taxa Selic pelo Banco Central (BC).
A meta de inflação para este ano é de 3,25%. Como há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, a meta será cumprida se ficar entre 1,75% e 4,75%. Para 2024, 2025 e, agora, 2026, a meta é de 3%. Embora as projeções para a inflação venham caindo consistentemente nas últimas semanas, elas ainda estão acima desses patamares.
“Não mudar a meta foi um golaço do governo. O ministro Haddad foi muito feliz no que ele disse, ao falar que a eventual elevação de meta de inflação seria lida como uma maior leniência do governo com a inflação”, disse Caruso.
“Essa é uma discussão que surgiu no início do ano e, no meu entendimento, atrasou o início do corte de juros. Parte da desancoragem das expectativas se deveu a essa possibilidade de aumento da meta. Quem levantou essa discussão de elevação de meta foi o presidente Lula”, ressaltou o economista.
Segundo Caruso, a decisão do CMN de não mexer nas metas de inflação que já haviam sido estipuladas deve levar a “uma melhora significativa nas expectativas de inflação” e “mostra que o Brasil está comprometido com um ambiente de baixa inflação no longo prazo”.
“Junto com a melhora nas expectativas de inflação, isso abre espaço para consolidarmos essa ideia de que o corte de juros é iminente no Brasil”, avalia. “Nossa visão é a de um corte em agosto. A discussão é se vão cortar 0,25 ponto percentual ou 0,5 ponto percentual.”
Atualmente, a taxa Selic está em 13,75% ao ano. Segundo as projeções do Caruso, a tendência para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC é que ela seja reduzida para 13,5% ao ano.