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Na 1ª reunião pós-arcabouço, Copom mantém taxa Selic em 13,75% ao ano

Apesar das pressões do governo, Comitê de Política Monetária manteve taxa de básica de juros no mesmo patamar pela sexta reunião consecutiva

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Fachada do Banco Central em brasília
1 de 1 Fachada do Banco Central em brasília - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Na primeira reunião desde a apresentação do projeto do novo arcabouço fiscal pelo governo federal, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter os juros básicos da economia brasileira em 13,75% ao ano. O anúncio, que já era esperado pelo mercado, aconteceu no início da noite desta quarta-feira (3/5).

A Selic segue no maior nível desde novembro de 2016, quando também estava em 13,75% ao ano. É a sexta reunião consecutiva em que o Copom não altera a taxa de juros – que permanece nesse nível desde agosto do ano passado.

Antes de os juros chegarem a 13,75% ao ano, o Copom havia elevado a Selic 12 vezes seguidas, em um ciclo que teve início em março de 2021, em meio à alta nos preços de alimentos, energia e combustíveis.

Governo pressiona

A decisão do Copom sobre a taxa de juros vinha sendo muito aguardada pelo mercado financeiro e pelos agentes econômicos, em geral. Nos últimos dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a subir o tom contra o BC e cobrou a queda dos juros no país.

No início da semana, ao participar de um ato das centrais sindicais no Dia do Trabalho, no centro de São Paulo, Lula afirmou: “A gente não pode viver mais em um país em que a taxa de juros não controla a inflação. Ela controla, na verdade, o desemprego neste país, porque ela é a responsável por uma parte da situação em que vivemos hoje”.

Dias antes, também em São Paulo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo fez “a sua parte” e criou as condições para a queda dos juros, com a apresentação do arcabouço fiscal. “A taxa de juros no Brasil está muito alta. É a mais alta do mundo. Há um espaço importante para a queda e isso reativa a economia porque os empresários, com acesso a crédito mais barato, voltam a investir”, afirmou.

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, também defendeu nesta semana a redução da Selic. “Não há mais justificativa para juros de 13,75%. São ‘n’ fatores internos e externos que impactam a inflação. Dos internos, muitos não existem mais. De todos os medos que se tinha de um governo expansionista no gasto, o arcabouço fiscal coloca um limite para isso dentro de um governo que foi eleito legitimamente com um projeto social claro”, disse, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.

Inflação

A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. A Selic é utilizada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia.

Quando o Copom aumenta os juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, o que se reflete nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Assim, taxas mais altas também podem conter a atividade econômica.

Ao reduzir a Selic, a tendência é a de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.

Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, ficou em 0,71%. O resultado significa uma aceleração em relação a fevereiro, quando o IPCA ficou em 0,84%. No acumulado de 12 meses até março, a inflação oficial do país foi de 4,65%. Já o IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, ficou em 0,57% em abril.

Segundo o Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para este ano é de 3,25%. Como há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, a meta será cumprida se ficar entre 1,75% e 4,75%. Segundo o último relatório Focus, do BC, divulgado na terça-feira (2/5), a inflação no Brasil deve terminar este ano em 6,05%.

Reunião do Copom

O Copom se reúne a cada 45 dias. No primeiro dia de reuniões, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas da economia no Brasil e no mundo, além do comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do comitê definem a taxa Selic.

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