Multinacionais usam o yuan para suprir falta de dólares na Argentina
As transações com a moeda chinesa no mercado de câmbio argentino passaram de 5% para 28% entre maio e junho
atualizado
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Multinacionais instaladas na Argentina estão usando o yuan para suprir a falta de dólares vigente no país. De acordo com dados do Mercado Abierto Electrónico, uma das maiores bolsas argentinas, a fatia das transações em moeda chinesa no mercado de câmbio local atingiu recentemente o recorde diário de 28%, em comparação com 5% no mês passado.
Segundo informações divulgadas pela Bloomberg, a Whirlpool, a gigante americana de eletrodomésticos, já estuda utilizar o yuan para pagar por peças que serão importadas para uma fábrica da empresa que está em construção. No ano passado, a companhia investiu US$ 52 milhões na indústria, localizada nos arredores de Buenos Aires, voltada para a produção de itens como máquinas de lavar.
Além disso, mais de 500 companhias argentinas solicitaram o pagamento de importações em yuan, incluindo eletrônicos, autopeças e fabricantes de têxteis. Isso além de firmas de petróleo e mineração, de acordo com a agência alfandegária do país.
Crise severa
A economia da Argentina passa por uma crise severa. Com uma inflação de mais de 100% ao ano, o país tem pouquíssimas reservas em dólar e uma dívida de mais de US$ 45 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI), cujo pagamento de US$ 2,7 bilhões foi adiado nesta semana.
Ali, observam analistas, para além de questões geopolíticas envolvendo China e Estados Unidos, o yuan tem sido utilizado para cobrir uma necessidade emergencial das empresas.
Ainda assim, recentemente, a China permitiu que a Argentina usasse mais da metade de uma linha emergencial de US$ 18 bilhões para apoiar o comércio entre os países. As duas nações compartilham um acordo desde 2009, concebido como uma espécie de apólice de seguro para fortalecer as reservas internacionais em crises de liquidez.