metropoles.com

Mudar meta de inflação seria “catastrófico”, diz Armínio Fraga

Para ex-presidente do Banco Central, meta de inflação tem de ser mantida e respeitada. Mudá-la traria “enorme incerteza”, diz Armínio Fraga

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Edilson Rodrigues/Agência Senado
arminio-fraga
1 de 1 arminio-fraga - Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Na véspera da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que pode resultar em uma mudança no sistema de metas de inflação vigente no Brasil, o ex-presidente do Banco Central (BC) Armínio Fraga defendeu a manutenção do regime atual e alertou para os riscos que uma eventual alteração nas regras traria ao país.

O CMN se reúne na quinta-feira (29/6) e deve discutir o sistema de metas de inflação. O colegiado é formado pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, além do presidente do BC, Roberto Campos Neto. O governo, portanto, tem maioria.

A meta de inflação para este ano é de 3,25%. Como há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, a meta será cumprida se ficar entre 1,75% e 4,75%. Para 2024 e 2025, a meta é de 3%. Embora as projeções para a inflação venham caindo consistentemente nas últimas semanas, elas ainda estão acima desses patamares.

Uma das alternativas defendidas pelo governo é que a meta de inflação deixe de seguir o ano-calendário (modelo atual, em que a verificação sobre o cumprimento ou não da meta é feita de janeiro a dezembro) e passe a ser uma meta contínua (com um prazo móvel, desvinculado do ano-calendário).

“Estou torcendo muito para que o CMN mantenha os 3% e já declare que essa é a meta para um horizonte aberto. Para 2024, as expectativas em geral, mesmo a taxa de inflação implícita nos títulos do Tesouro, vêm convergindo”, disse Fraga, em entrevista à Folha de S.Paulo.

“O BC deixou muito claro que os horizontes dele já migraram para o ano que vem e podem justificar uma trajetória talvez um pouco mais longa. Não vejo razão para alterar meta alguma”, prossegue o ex-presidente do BC, que comandou a autoridade monetária de 1999 a 2003, no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

“Penso que seria catastrófico mudar a meta, pois traria uma enorme incerteza, seria uma sinalização muito ruim. O governo já deu uma sinalização positiva, ainda que preliminar, na área fiscal. Tudo indica que esse arcabouço vai ser aprovado. Espero que seja só o início de um ajuste, que, aí sim, vai dar muito espaço para o BC trabalhar e quem sabe voltar ao que tivemos durante os momentos áureos do teto, com juros reais na ponta longa da curva já abaixo de 4%”, prossegue Armínio.

Para o ex-presidente do BC, “manter a meta seria uma conquista relevante para um país com a nossa história”.

“Sobretudo, em um período em que a responsabilidade fiscal foi abandonada, primeiro com a própria Lei de Responsabilidade Fiscal sendo repetidas vezes desrespeitada e, depois, com a desmoralização do teto”, diz. “O Brasil ainda está caminhando em direção à meta, apesar de com um certo sacrifício, é bastante impressionante e não deve ser desperdiçado. Já que se fez esse esforço, a meu ver correto, mexer na meta agora seria suicida.”

9 imagens
Em outras palavras, se há  aumento da inflação, o dinheiro passa a valer menos. A principal consequência é a perda do poder de compra ao longo do tempo, com o aumento dos preços das mercadorias e a desvalorização da moeda
Existem várias formas de medir a inflação, contudo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o mais comum deles
No Brasil, quem realiza a previsão da inflação e comunica a situação dela é o Banco Central. No entanto, para garantir a idoneidade das informações, a pesquisa dos preços de produtos, serviços e o cálculo é realizado pelo IBGE, que faz monitoramento nas principais regiões brasileiras
De uma forma geral, a inflação pode apresentar causas de curto a longo prazo, uma vez que tem variações cíclicas e que também pode ser determinada por consequências externas
No entanto, o que influencia diretamente a inflação é: o aumento da demanda; aumento ou pressão nos custos de produção (oferta e demanda); inércia inflacionária e expectativas de inflação; e aumento de emissão de moeda
1 de 9

Inflação é o termo da economia utilizado para indicar o aumento generalizado ou contínuo dos preços de produtos ou serviços. Com isso, a inflação representa o aumento do custo de vida e a consequente redução no poder de compra da moeda de um país

KTSDESIGN/SCIENCE PHOTO LIBRARY / Getty Images
2 de 9

Em outras palavras, se há aumento da inflação, o dinheiro passa a valer menos. A principal consequência é a perda do poder de compra ao longo do tempo, com o aumento dos preços das mercadorias e a desvalorização da moeda

Olga Shumytskaya/ Getty Images
3 de 9

Existem várias formas de medir a inflação, contudo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o mais comum deles

Javier Ghersi/ Getty Images
4 de 9

No Brasil, quem realiza a previsão da inflação e comunica a situação dela é o Banco Central. No entanto, para garantir a idoneidade das informações, a pesquisa dos preços de produtos, serviços e o cálculo é realizado pelo IBGE, que faz monitoramento nas principais regiões brasileiras

boonchai wedmakawand/ Getty Images
5 de 9

De uma forma geral, a inflação pode apresentar causas de curto a longo prazo, uma vez que tem variações cíclicas e que também pode ser determinada por consequências externas

Eoneren/ Getty Images
6 de 9

No entanto, o que influencia diretamente a inflação é: o aumento da demanda; aumento ou pressão nos custos de produção (oferta e demanda); inércia inflacionária e expectativas de inflação; e aumento de emissão de moeda

selimaksan/ Getty Images
7 de 9

No bolso do consumidor, a inflação é sentida de formas diferentes, já que ela não costuma agir de maneira uniforme e alguns serviços aumentam bem mais do que outros

Adam Gault/ Getty Images
8 de 9

Isso pode ser explicado pela forma de consumo dos brasileiros. Famílias que possuem uma renda menor são afetadas, principalmente, por aumento no preço de transporte e alimento. Por outro lado, alterações nas áreas de educação e vestuário são mais sentidas por famílias mais ricas

Javier Zayas Photography/ Getty Images
9 de 9

Ao contrário do que parece, a inflação não é de todo mal. Quando controlada, é sinal de que a economia está bem e crescendo da forma esperada. No Brasil, por exemplo, temos uma meta anual de inflação para garantir que os preços fiquem controlados. O que não pode deixar, na verdade, é chegar na hiperinflação - quando o controle de todos os preços é perdido

coldsnowstormv/ Getty Images

 

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNegócios

Você quer ficar por dentro das notícias de negócios e receber notificações em tempo real?