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MST promete desocupar Embrapa e Suzano; Haddad não fala após reunião

João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST, pediu ao ministro da Fazenda um “programa de crédito para famílias assentadas”

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Reprodução/MST-PE
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1 de 1 MST-abril-vermelho-invasão-sede-incra-embrapa - Foto: Reprodução/MST-PE

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deve desocupar em breve uma área de preservação ambiental da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Petrolina (PE), e a sede da empresa produtora de papel e celulose Suzano, em Aracruz (ES). A afirmação é de João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST, que esteve reunido nesta quinta-feira (20/4) com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O encontro aconteceu no escritório do Ministério da Fazenda em São Paulo, na Avenida Paulista. Além de Rodrigues, participaram Gilmar Mauro, também da coordenação nacional do MST, Claudete Pereira, Ana Chã e Delwek Matheus.

Ao falar com os jornalistas após a reunião, Rodrigues não fixou uma data para que o movimento desocupe as áreas da Embrapa e da Suzano.

“Nós vamos desocupar a Embrapa assim que acharmos um local para colocar as 800 famílias que estão lá. E nós vamos desocupar a área da Suzano. Estamos em uma negociação com o governo do estado (do Espírito Santo) porque aquela área é pública. O compromisso do MST com o ministro Haddad foi esse”, disse o líder dos sem terra.

Segundo Rodrigues, áreas improdutivas continuarão a ser ocupadas pelo MST. “Áreas improdutivas nós vamos continuar ocupando porque queremos para a reforma agrária. As áreas que são produtivas e que estão cumprindo sua função social o MST não tem por que reivindicar para a reforma agrária”, afirmou.

“Não tem motivo para o MST criar conflito ou constrangimento para o governo Lula. O MST é parceiro desse governo. Temos uma agenda de produção de alimentos. Agora, nós achamos justo que, no mês de abril, o MST possa apresentar sua pauta”, completou Rodrigues.

Crédito para famílias assentadas

Na reunião com Fernando Haddad, o MST apresentou uma lista de reivindicações relacionadas à reforma agrária. O movimento pediu o “assentamento imediato” de 60 mil famílias acampadas e também um programa de crédito para as famílias já assentadas.

“Queremos um programa de crédito para as famílias assentadas e um programa de agroindústria. Para isso, o governo precisa melhorar a taxa de juros do BNDES”, disse Rodrigues. “Queremos que a reforma agrária entre na pauta do desenvolvimento. Somos uma das regiões mais produtivas do mundo. E quem produz a comida neste país é a agricultura familiar. Temos 2 milhões de brasileiros que vivem nos assentamentos produzindo alimentos”, afirmou.

Orçamento

João Paulo Rodrigues também pediu que o governo aumente o orçamento destinado à reforma agrária, que, segundo ele, é “insuficiente”.

“O orçamento da reforma agrária que nós herdamos do Bolsonaro é de R$ 250 milhões para a obtenção de terra no Incra. É insuficiente. O governo está se comprometendo a chegar a R$ 400 milhões. Mas ainda é insuficiente para assentar 60 mil famílias acampadas. Precisamos de um orçamento de, aproximadamente, R$ 1,3 bilhão”, projetou.

Haddad não fala

Depois de conversar com os jornalistas pela manhã, Fernando Haddad deixou o escritório do Ministério da Fazenda sem comentar a reunião com os integrantes do MST.

As invasões fazem parte das ações do MST no chamado “abril vermelho”. Os atos foram repudiados pelos ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, depois de o governo ser criticado pela oposição por suposta leniência com os sem terra.

Mais cedo, como noticiado pelo Metrópoles, o ministro desconversou ao ser questionado sobre a reunião com os sem terra. Antes da reunião, ao ser indagado se o fato de receber membros do MST depois das recentes invasões de terra do grupo não passaria uma imagem negativa, principalmente após as manifestações de repúdio de outros ministros do governo aos atos do movimento, Haddad respondeu: “Mas vocês não sabem o que eu vou falar com eles”.

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