Mosqueteiros do Twitter e Trump maluco: o que diz a biografia de Musk
No livro de Walter Isaacson, Musk diz que não é admirador de Donald Trump, revela preocupação com IA e angústia com Twitter, Tesla e SpaceX
atualizado
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A nova biografia do bilionário Elon Musk, dono do “X” (antigo Twitter), da Tesla e da SpaceX, que será lançada na terça-feira (12/9), traz à tona informações e comentários do empresário sobre negócios, tecnologia, ciência, economia e política, além da vida pessoal.
A obra, de autoria do jornalista americano Walter Isaacson, que já escreveu biografias de Steve Jobs, Albert Einsten, Leonardo da Vinci e Benjamin Franklin, destaca o caráter disruptivo de Musk e algumas das motivações para tomar decisões cruciais ao longo de sua trajetória.
Logo no início do livro, o jornalista recorre a uma citação de Steve Jobs (1955-2011), fundador da Apple: “As pessoas que são loucas o suficiente para pensar que podem mudar o mundo são aquelas que o fazem”. O lema, mostra a biografia, se aplica a Musk.
Os “mosqueteiros” do Twitter
Musk comprou o Twitter em outubro de 2022, por US$ 44 bilhões, e desde então vem prometendo – e promovendo – uma série de mudanças no gigante de tecnologia. A última delas, talvez a mais importante, foi mudar o nome da plataforma para “X”, o “aplicativo de tudo”.
A biografia do empresário mostra que ele e seus assessores mais próximos iniciaram uma verdadeira “caça às bruxas” pouco depois da compra do Twitter e vasculharam, nas redes sociais, postagens e comentários dos funcionários da empresa que fossem considerados ofensivos ao novo dono.
Os “mosqueteiros”, como eram chamados os auxiliares mais leais a Musk, entregaram ao bilionário um relatório detalhado e uma lista de funcionários supostamente detratores. Dezenas foram demitidos.
Trump “maluco”
Muitas vezes criticado por suas posições políticas e acusado de alinhamento com o Partido Republicano e os conservadores nos Estados Unidos, Elon Musk garante não ser um apoiador do ex-presidente americano Donald Trump, eleito em 2016 e derrotado em 2020 por Joe Biden.
Trump, favorito para ser novamente candidato republicano nas eleições presidenciais de 2024, é alvo da Justiça dos EUA em vários processos.
“Não sou fã de Trump. Ele é perturbador”, afirma Musk a Isaacson. No livro, o autor relata que o dono do “X” nutre um “profundo desdém” por Trump, “que ele considerava um vigarista” e “meio maluco”.
Apesar da desilusão com o ex-presidente dos EUA, Musk está longe de ser um entusiasta de Biden ou do Partido Democrata. No livro, no entanto, o empresário diz a Isaacson que, se tivesse votado, teria optado pelo atual presidente nas eleições de 2020 – ele preferiu se abster.
“Quando ele (Biden) era vice-presidente, fui almoçar com ele em San Francisco. Ficou falando, de forma monótona, por uma hora e era muito chato, como um daqueles bonecos dos quais você puxa o barbante e ele diz as mesmas frases estúpidas repetidamente”, diz Musk sobre o atual mandatário dos EUA.
A ameaça da inteligência artificial
Elon Musk, que chegou a assinar uma carta pedindo a interrupção das pesquisas sobre inteligência artificial (IA), afirma que o assunto o preocupa pelo potencial ameaçador à humanidade.
Recentemente, em meio a críticas à OpenAI, criadora do ChatGPT, em parceria com a Microsoft, Musk criou a x.AI, uma frente de desenvolvimento de sistemas de IA.
“A quantidade de inteligência humana, observou ele, estava a estabilizar porque as pessoas não tinham filhos suficientes. Enquanto isso, a quantidade de inteligência computacional aumentava exponencialmente”, escreve Isaacson.
De acordo com Musk, diz o autor, “em algum momento o poder cerebral biológico seria ofuscado pelo poder cerebral digital”.
Aos primeiros contratados para a x.AI, Musk deu três orientações: que criassem um chatbot (robô de bate-papo) capaz de escrever códigos, um chatbot treinado para ser “politicamente neutro” e outro que pudesse “raciocinar e buscar a verdade”.
Tesla e SpaceX
Algumas dificuldades enfrentadas pela Tesla, fabricante de carros elétricos criada por Musk, e pela empresa aeroespacial SpaceX mexeram com Elon Musk nos últimos meses. O livro revela que o empresário teve “forte impacto físico e mental”.
“Você não pode estar em uma luta constante pela sobrevivência, sempre no modo adrenalina, e não sofrer com isso”, diz o bilionário. “Quando você não está mais no modo de sobreviver ou morrer, não é tão fácil ficar motivado todos os dias.”
Depois de dois anos operando no vermelho, a SpaceX fechou o primeiro trimestre deste ano registrando um lucro de US$ 55 milhões (quase R$ 274 milhões). A Tesla, por sua vez, registrou um lucro líquido de US$ 2,7 bilhões (cerca de R$ 12,9 bilhões) no segundo trimestre, um aumento anual de 30%.