Moody’s reduz nota de crédito de 10 bancos regionais dos EUA
Apesar da redução das notas, todos eles continuam com grau de investimento. Moody’s ainda revisou os “ratings” de seis outros bancos do país
atualizado
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Uma das três principais agências de classificação de risco do mundo, a Moody’s reduziu a nota de crédito (o “rating”) de 10 bancos regionais dos Estados Unidos. Além disso, foram revisadas as avaliações de outras seis instituições financeiras. O anúncio foi feito na segunda-feira (7/8).
Entre os bancos americanos que tiveram a nota rebaixada, estão M&T Bank, Pinnacle Financial Partners e Commerce Bancshares. Apesar da redução das notas, todos eles continuam com grau de investimento.
A Moody’s também revisou os ratings de seis outros bancos do país, entre os quais Bank of New York Mellon, Northern Trust, State Street e US Bancorp. Outros 11 bancos americanos receberam perspectiva negativa da agência.
A decisão da Moody’s indica que a agência tem dúvidas quanto à possível vulnerabilidade do setor bancário do país, especialmente no que diz respeito aos bancos regionais. No início de 2023, houve a quebra de alguns bancos de médio porte, como o Silicon Valley Bank (SVB), o First Republican Bank e o Signature Bank.
As agências são confiáveis?
As agências de classificação de risco são empresas privadas que avaliam a saúde financeira de países e empresas. Entre os critérios avaliados pelas agências de risco para aumentar ou diminuir a nota de crédito de países ou empresas, estão indicadores macroeconômicos, como taxa de juros, inflação, câmbio e o Produto Interno Bruto (PIB). Também são considerados o ambiente político, o grau de estabilidade institucional e as projeções para a economia.
Especialistas ouvidos pela reportagem do Metrópoles lembram que as agências de classificação de risco enfrentaram uma onda de descrédito durante a crise do “subprime”, em 2008, nos Estados Unidos. Na época, houve a concessão de uma série de empréstimos hipotecários de alto risco – para financiamento imobiliário – pelos bancos. Muitas instituições financeiras foram levadas à insolvência, o que derrubou as principais bolsas de valores. O auge da crise foi a quebra do Lehman Brothers, um dos mais antigos bancos de investimento do mundo.
“Em 2008, de fato, as principais agências de risco praticamente ignoraram o apelo de alguns agentes do mercado de rever a nota de crédito de alguns ativos ligados a empréstimos imobiliários nos Estados Unidos”, afirma André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online. “No entanto, de modo geral, apesar desse problema grave, o mercado precificou isso e, atualmente, mudanças das notas do rating soberano de países são bem recebidas pelos agentes econômicos. Passados 15 anos daquele episódio, as informações dessas agências são levadas em consideração e recebidas como algo crível.”
Avaliação semelhante é feita por Rodrigo Antunes, sócio na WIT Invest. “Essa é uma discussão bem sensível. Partimos do pressuposto de que as agências fazem seus estudos de forma ética, com a maior isenção possível”, diz. “Em 2008, o ‘subprime’ passou despercebido por todas elas. Mas é o que temos à disposição. Não quero crer que haja um viés no trabalho dessas agências, que estão aí há bastante tempo abastecendo o mercado com dados.”
“Episódios como a falência do First Republican e de outros bancos regionais americanos são mais difíceis de ser previstos porque uma parte do problema veio de uma decisão tomada depois do início do ciclo de aperto monetário, de antecipar o recebimento de ativos com vencimentos para prazos mais longos. Portanto, os bancos não estariam, em tese, tão expostos a riscos. Estavam relativamente, ou aparentemente, sólidos”, pondera Galhardo.