Mobly e Tok&Stok encaminham acordo para fusão, diz jornal
A operação deve ser feita por meio de troca de ações. Os acionistas da Mobly ficariam com 80% da nova empresa e os da Tok&Stok, com 20%
atualizado
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Acionista controlador da empresa de móveis e decoração Mobly, a home 24 encaminhou os termos de um acordo com o fundo de private equity Carlyle, controlador da Tok&Stok, para uma fusão.
A operação deve ser feita por meio de troca de ações. Os acionistas da Mobly ficariam com 80% da nova empresa e os da Tok&Stok, com 20%. As informações são da coluna Pipeline, do jornal Valor Econômico. Em março, o Metrópoles havia noticiado a possibilidade da fusão.
Depois de concluir a fusão, a home24 pretende fazer uma oferta pública de aquisição para os acionistas da Mobly a um preço de R$ 6,50 – o que representaria um prêmio de 68% em relação à cotação atual do papel. O acordo ainda estipularia que a Carlyle teria a opção de compra de mais 10% da companhia.
As conversas entre as empresas em torno de uma possível fusão vinham sendo mantidas desde o início deste ano, antes da renegociação da dívida da Tok&Stok com bancos.
Em junho, a Carlyle fez um aporte de R$ 100 milhões na Tok&Stok e rolou uma dívida de R$ 350 milhões com os bancos que vence em 2029.
No segundo trimestre de 2023, a Mobly teve uma receita líquida de R$ 128,2 milhões, o que corresponde a uma queda de 13,8% em relação ao mesmo período do ano passado. A empresa tinha um caixa de R$ 239 milhões.
Em 2022, a Tok&Stok registrou um prejuízo líquido de R$ 460,7 milhões, ante um lucro de R$ 53,7 milhões do ano anterior.
Atualmente, a Mobly tem 17 lojas e três unidades franqueadas. A Tok&Stok, que fechou 17 lojas em 2023, conta com 51 unidades.
As duas empresas não comentaram o assunto até o momento.
Dívidas
Como o Metrópoles noticiou em fevereiro, a Tok&Stok contratou a consultoria Alvarez & Marsal para renegociar dívidas.
No caso da Tok&Stok, um erro estratégico pode ter impactado o endividamento. Depois de registrar um 2020 excelente, embalado pelas vendas digitais durante a pandemia de Covid-19, a empresa de móveis fez uma série de investimentos e cogitou até mesmo abrir capital na bolsa de valores.
O fim das medidas sanitárias esfriou as vendas digitais. A alta na taxa de juros encareceu a compra de imóveis e as linhas de crédito para reforma, o que impactou também as vendas em lojas físicas. O faturamento encolheu em 2021 e 2022.
Setor em apuros
A crise da Tok&Stok é mais um capítulo dos apuros que o setor de móveis e decoração enfrenta no Brasil. A Etna, marca que pertencia à família Kaufman (dona da rede de lojas de joias Vivara), fechou as portas em meados do ano passado. A rede, que chegou a ter 18 lojas no auge, fez um saldo de até 90% de desconto e fechou as portas de vez das últimas unidades.
A Etna e a Tok&Stok surgiram como uma alternativa ao consumidor de classe média baixa e classe média, que buscava móveis de melhor qualidade e de design mais refinado, mas que não podia acessar os fornecedores mais caros.
Era um modelo inspirado na Ikea, rede sueca que tem mais de 400 lojas espalhadas pelo mundo. A questão-chave era oferecer móveis e decoração produzidos em escala industrial, com design limpo e simples, em megalojas que traziam itens capazes de equipar a casa toda.
O modelo se provou duvidoso no Brasil. Primeiro porque a Etna, que abertamente foi inspirada na Ikea, fechou as portas. Segundo, porque a própria Ikea tem planos para abrir lojas na América do Sul até 2025, mas não colocou o Brasil na lista de prioridades.