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“Meta de inflação não é para discutir, é para perseguir”, diz Galípolo

Para ele, o Banco Central nem sequer deveria ter direito a voto na reunião do Conselho Monetário Nacional que define o tema

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1 de 1 imagem colorida diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo - Metrópoles - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicado ao cargo pelo governo Lula, disse nesta quarta-feira (24/4) que a meta de inflação – fixada no Brasil em 3% – “não é para discutir, mas para perseguir”. A afirmação foi feita em evento com integrantes do mercado, realizado em São Paulo.

Galípolo, que no início do ano passado era o principal auxiliar do ministro Fernando Haddad, no Ministério da Fazenda, fez a afirmação ao responder a uma pergunta sobre se o fato de a meta ser “baixa” não comprometeria seu cumprimento.

Sobre o tema, Galípolo acrescentou que o BC nem sequer deveria ter direito a voto no Conselho Monetário Nacional (CMN), onde a meta é definida. Ele observou que, para o Banco Central, a discussão é um “não tema”. “Recebemos um mandato e temos de perseguir a meta”, disse.

Otimismo resiliente

O diretor do BC observou que está otimista com o Brasil, apesar da recente precificação do dólar, que chegou a ser cotado na semana passada a R$ 5,30. “E quando cheguei ao Banco Central alguém me disse que eu não poderia nem sorrir em foto, porque diretor do BC não deve parecer otimista nunca”, afirmou.

Para Galípolo, contudo, apesar do cenário global adverso, o Brasil “reúne vantagens comparativas para aproveitar a oportunidade dada pela realocação das cadeias produtivas e tensões geopolíticas”. “O país pode se apresentar para receber esses investimentos”, afirmou.

A favor do Brasil

A seguir, ele enumerou fatores que pesam a favor do país no atual contexto. Nessa lista, incluiu a demanda das famílias, que “permanecerá resiliente”. Isso tanto como resultado da queda da inflação e da taxa de juros, como pelo impacto de programas de transferência de renda como o Bolsa Família, além do ajuste recente do salário mínimo.

Para Galípolo, o mesmo raciocínio aplica-se aos desembolsos do governo. “O platô do gasto é bastante elevado, desde a PEC da Transição”, afirmou. “E me parece que ele também oferece resiliência para o nível de atividade e crescimento econômico.”

Na relação de elementos que jogam a favor do país, Galípolo também citou a balança comercial (a diferença entre exportações e importações) e o fato de o Brasil ser um exportador líquido de petróleo. “Isso nos coloca numa situação bastante privilegiada em relação a nossos pares”, disse. 

Desafios nacionais

Para o diretor do BC, o desafio é fazer com que o país tenha um crescimento harmônico entre oferta e demanda, além de ampliar o investimento para que a economia possa obter ganhos de produtividade – e avançar “mais e com uma inflação menor”. “O Brasil reúne características (positivas) como tamanho do mercado, demanda aquecida, ciclo de política monetária benéfico, reservas internacionais, balança comercial saudável e uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo”, acrescentou.

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