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Mercado vê postura “dura” do BC e chance de novas altas da Selic

Para analistas, decisão do Copom de elevar a taxa de juros em 0,25 ponto, para 10,75% ao ano, era esperada, mas tom da medida surpreendeu

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Imagem colorida de dado de madeira escrito Selic, que é a taxa básica de juros do Brasil - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de dado de madeira escrito Selic, que é a taxa básica de juros do Brasil - Metrópoles - Foto: Getty Images

O mercado não se surpreendeu com a elevação de 0,25 ponto percentual da taxa básica de juros do país, a Selic, anunciada nesta quarta-feira (18/9) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). Ainda assim, o comunicado emitido pelo órgão, no qual a decisão foi justificada, foi considerado duro.

Para Luiz Rogé, economista e sócio da Matriz Asset Management, o documento foi “realista”. “Isso principalmente porque menciona explicitamente que estamos iniciando um ciclo de alta de juros”, diz. “A tendência, assim, é de novos aumentos da Selic nas próximas reuniões do Copom.”

Márcio Saito, diretor financeiro da Entrepay, tem opinião semelhante. “Acredito que essa tendência de elevação da taxa deve continuar, provavelmente até dezembro ou janeiro”, afirma. “Um fator que está pesando bastante nessa trajetória é a desvalorização do real frente ao dólar. Embora tenha havido uma deflação em agosto, seu impacto foi praticamente nulo no cenário atual.”

Unanimidade

Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, avalia que a “unanimidade da decisão será bem-recebida” pelo mercado. “Mais importante ainda foi o tom dado no comunicado ao reconhecer no balanço de riscos todas as preocupações presentes entre analistas e agentes econômicos”, diz. “O Copom não quis deixar dúvidas de que fará o que for necessário para trazer a inflação para a meta. O movimento de hoje deve contribuir para a recuperação da credibilidade do colegiado.”

Contestação

Felipe Queiroz, economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados (APAS), porém, contestou a decisão. Ele acredita que a atual conjuntura econômica tanto doméstica quanto internacional permitia não apenas uma a manutenção da Selic em 10,50% ao ano, mas até uma redução da taxa. “O Brasil, na atual conjuntura, segue numa tendência inversa do cenário internacional. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve optou por reduzir os juros, e na Zona do Euro, as ações de política monetária são de estímulo econômico”, diz.

Rafael Cardoso, economista-chefe do Departamento de Pesquisa Econômica do Banco Daycoval, esperava a manutenção da taxa em 10,50%, mas “sabia que havia uma chance relevante de o Banco Central iniciar um ciclo de alta da taxa de juros”. 

Além do Focus

Para Cardoso, o que mais chamou a atenção no comunicado do Copom foi a elevação das projeções da inflação para o primeiro trimestre de 2026, “a despeito de considerar uma taxa de juros mais elevada do que anteriormente”. 

O economista observa que esse fator sugere que o Copom vê como insuficiente a trajetória da Selic, como consta na pesquisa semanal do Relatório Focus, preparado pelo BC. O levantamento projeta uma taxa básica de juros de 11,25% em 2024, de 10,50% em 2025 e de 9,50% em 2026.

Cardoso acrescenta que, nos últimos meses, o maior conservadorismo do BC estava associado a uma expectativa de inflação pior e a um câmbio mais depreciado. Desta vez, o principal problema é a atividade econômica. Ela levou as expectativas de inflação para um patamar mais alto”, afirma.

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