Mercado acredita em alta entre 0,75 e até 1 ponto percentual da Selic
Nova taxa básica de juros do país, que está em 11,25% ao ano, será anunciada nesta quarta-feira (11/12) pelo Banco Central
atualizado
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Os investidores estão divididos em apostas que vão de 0,75 a 1 ponto percentual de aumento dos juros básicos do Brasil, a Selic. O novo valor da taxa será anunciado no início da noite desta quarta-feira (11/12), ao final da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), formado pelo quadro de diretores (foto em destaque) do Banco Central (BC).
Se confirmada uma elevação dessa envergadura, ela representará uma nova aceleração sobre as altas anteriores promovidas pelo Copom. Em 18 de setembro, a taxa subiu 0,25 ponto, passando de 10,50% para 10,75% ao ano. Em 6 de novembro, o acréscimo foi de 0,50 ponto, com a Selic atingindo 11,25%.
Agora, na Bolsa brasileira (B3), as apostas de elevação de 1 ponto percentual ganham com folga das demais possibilidades. Se isso ocorrer, os juros básicos do país vão passar dos atuais 11,25% para 12,25% ao ano.
Na Bolsa, no mercado de “Opções de Copom”, 60,5% dos investidores acreditam que a alta da Selic será de 1 ponto. As apostas em torno desse percentual cresceram desde 26 de novembro, quando estava em 5,5%. O avanço ocorreu pouco antes do anúncio do novo pacote fiscal, muito criticado pelo mercado, feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Apostas
Outros 28% dos investidores consideram que a elevação será de 0,75 ponto. Com isso, a Selic iria para 12% ao ano. Há ainda parcelas menores que creem num aumento de 1,5 ponto (4,5%) e de 0,50 ponto (3%).
O mercado de Opções de Copom da B3 funciona como uma bolsa de apostas e se renova a cada reunião do órgão do BC. Neste ano, o Copom realizou sete encontros. Nesta quarta, ocorrerá o oitavo e último de 2024.
Economistas
Entre economistas, contudo, a estimativa majoritária é de alta de 0,75 ponto. Essa é a opinião, por exemplo, de Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos, embora ele não descarte um avanço de 1 ponto percentual.
“A aceleração do ritmo de aperto monetário se justifica pela forte piora do balanço de riscos no período recente”, diz Goldenstein. “Desde o último Copom (em novembro), a assimetria altista do balanço de riscos se materializou. O pessimismo crescente do mercado com a política fiscal continuou a gerar impactos relevantes sobre os preços dos ativos e as expectativas.”
Problema fiscal
Para o economista, o “esperado anúncio do pacote fiscal poderia representar um ponto de inflexão”, mas provocou o “efeito contrário, afetando negativamente os ativos domésticos”. “As medidas foram vistas como insuficientes para gerar um equilíbrio fiscal e a proposta de isenção do IR até o valor de R$ 5 mil mensais realimentou o temor de populismo econômico”, afirma. “O aumento do prêmio de risco contribuiu para a desvalorização cambial, levando o real a ser a pior moeda emergente desde o último Copom.”
Goldenstein acrescenta que há vários sinais de piora do cenário econômico. Eles incluem a depreciação do real em relação ao dólar, cuja cotação média nos dez dias úteis encerrados no último dia da semana anterior à da reunião do Copom passou de R$ 5,75 para R$ 5,95.
Houve ainda, cita o economista, a “ampliação expressiva da ‘desancoragem’ das expectativas de inflação”, apesar do ciclo de aperto monetário, com as medianas no Boletim Focus para 2025 e 2026 subindo de 4,03% e 3,61%, respectivamente, para 4,59% e 4,00%. “A mediana para o IPCA 2024 também aumentou de 4,59% para 4,84%”, diz o analista.
Precipitação
Embora não descarte a elevação de 1 ponto percentual da Selic, Goldenstein avalia que ela pode ser precipitada. Nesse caso, o Copom iria se comprometer, “talvez de forma prematura, com um ciclo de aperto monetário muito agressivo, num ambiente ainda marcado por muitas incertezas”. Ele considera que “não há espaço para cortes da Selic ao longo do próximo ano, a não ser que ocorra uma melhora substancial do balanço de riscos”.
Rafael Cardoso, economista-chefe da área de pesquisa econômica do Banco Daycoval, também prevê um aumento de 0,75 ponto da Selic e não afasta a hipótese de um salto de 1 ponto. “O quadro de atividade resiliente, depreciação cambial relevante e piora contínua das expectativas de inflação tem como pano de fundo a elevação das incertezas quanto ao quadro fiscal, após o anúncio do pacote de corte de gastos mais modesto do que o esperado”, afirma Cardoso.
“A gente já tinha grandes motivos para o Copom continuar subindo os juros e, depois que veio o anúncio do pacote e isenção de IR de pessoas que recebem até R$ 5 mil de salário, tudo piorou”, diz Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos e sócio da The Hill Capital. “O cenário de medidas protecionistas de Donald Trump também tem impacto inflacionário, além de termos um dólar mais alto no mundo. Desde o último Copom para cá, as condições pioraram bastante.”