Mercadante defende redução dos juros e prioridade para indústria
Presidente do BNDES defendeu mudanças na Taxa de Longo Prazo (TLP) e disse que reindustrialização do país é “absoluta prioridade” do governo
atualizado
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O presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou nesta terça-feira (31/1) que o governo pretende encaminhar ao Congresso Nacional um projeto de lei que prevê mudanças na Taxa de Longo Prazo (TLP).
A TLP é a taxa de juros utilizada pelo BNDES nos empréstimos concedidos. Sua principal finalidade é adequar os juros do crédito do BNDES aos juros normalmente praticados no mercado. A taxa passou a ser aplicada em todos os contratos firmados pelo BNDES a partir de 1º de janeiro de 2018.
Ao sair de uma reunião na sede da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Mercadante disse que é necessário baixar os juros da economia brasileira e destacou a importância de se buscar a reindustrialização do país.
“Estamos conversando com a Febraban sobre o esforço para reduzir a taxa de juros para esse segmento (da indústria), trabalhando com os bancos privados e reduzindo, para que o pequeno industrial, o lojista e o pequeno empreendimento tenham melhores condições”, disse o presidente do BNDES.
Questionado sobre como isso seria feito, Mercadante citou as possíveis mudanças. “Mexendo na TLP. É a taxa de juros que o banco utiliza. Nós não vamos retomar a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo). O BNDES não precisa e não tem condições de receber subsídios do Tesouro, mas tem espaço para reduzir essa taxa”, afirmou.
“Nós queremos fazer isso em conjunto com a Febraban. Seria um projeto de lei que tem que ser aprovado no Congresso Nacional. Portanto, precisa de um debate cuidadoso. Já temos caminhos para fazer isso”, disse Mercadante. “Queremos estar mais presentes na Febraban, vir aqui debater, construir pontes, discutir com o setor privado. Temos que reduzir a taxa de juros. Temos que reduzir spreads.”
Reindustrialização é prioridade
Na entrevista coletiva após a reunião na Febraban, o presidente do BNDES disse que reindustrializar o país é “absoluta prioridade” do governo federal.
“A gente olha o PIB do país: a indústria chegou a corresponder a 27% do PIB e hoje é 11%, vem perdendo espaço. A agricultura brasileira é muito competitiva, o Brasil é um grande exportador de alimentos, mas temos que olhar para a indústria também. É ela que gera mais emprego qualificado, mais salário”, destacou Mercadante.
O presidente do BNDES disse ainda que setores da indústria, como o automobilístico, vão “ter de fazer mudanças”, para se adequar a uma nova realidade da economia. “Temos o etanol de última geração. O Brasil terá uma nova fonte de energia e pode ser um dos principais produtores de hidrogênio verde do mundo. Essa agenda da economia verde é muito promissora para a reindustrialização do Brasil”, afirmou.
“O BNDES ajudaria com recursos. Temos várias linhas de financiamento que já trabalham com muitas dessas empresas. Hoje já temos uma carteira muito forte na parte de energia eólica. O Brasil já está produzindo aerogeradores e outros equipamentos. O esforço agora é na fotovoltaica, na energia solar.”
A reunião na Febraban
Além de Mercadante, participaram da reunião na Febraban outros nomes da equipe econômica do governo, como os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e Esther Dweck (Gestão e Inovação Pública). O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, também esteve no encontro, mas não falou com os jornalistas.
Todos foram convidados pelo presidente da Febraban, Isaac Sidney. O conselho da entidade é composto por dirigentes das principais instituições financeiras do país e representantes de segmentos empresariais. O presidente do órgão é o CEO do Bradesco, Octavio de Lazari.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, que ontem recebeu Fernando Haddad em uma reunião da diretoria da entidade, também compareceu ao encontro na Febraban.