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Mercadante anuncia nomes alinhados ao mercado para diretoria do BNDES

Entre os nomes apresentados por Aloizio Mercadante, futuro presidente do BNDES, estão executivos de grandes bancos privados

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Aloizio Mercadante chega ao CCBB para reuniões do governo de transição. Ele olha de lado para a imprensa e sorri - Metrópoles
1 de 1 Aloizio Mercadante chega ao CCBB para reuniões do governo de transição. Ele olha de lado para a imprensa e sorri - Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Aloizio Mercadante, ex-ministro do governo Dilma e nome oficialmente convidado para assumir o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no novo governo Lula, anunciou parte da diretoria que deve acompanhá-lo na nova empreitada. A notícia foi divulgada inicialmente pelo jornal O Globo.

Da cota do setor financeiro privado vieram: Alexandre Abreu, ex-presidente do Banco Original e do Banco do Brasil; Natalia Dias, presidente do Standard Bank Brasil, um dos maiores bancos do continente africano, e Luciana Costa, presidente da unidade brasileira do banco de investimentos Natixis.

Foram indicados, ainda, José Luis Gordon. presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), uma organização social ligada a diversos ministérios, e Luiz Navarro de Britto, ex-ministro da Controladoria-Geral da União (CGU) e ex-conselheiro da Petrobras.

Embora os nomes do setor privado transitem muito bem pelo mundo empresarial, é importante lembrar que alguns deles já tiveram relação com governos petistas. A decisão foi vista por analistas como uma tentativa de Mercadante de “afagar” o mercado, sem abrir mão da influência partidária na composição da sua equipe.

Desde a semana passada, quando o Congresso aprovou uma mudança na Lei das Estatais que beneficiaria Lula e abriria espaço para Mercadante assumir a presidência do BNDES, as ações de empresas estatais foram penalizadas na Bolsa de Valores.

Os investidores interpretaram a mudança na Lei como uma intenção por parte do futuro governo de aparelhar e interferir na condução de empresas públicas ou de capital misto, como é o caso da Petrobras.

Relação com governos petistas

O nome do setor privado de maior proximidade com a ala política do futuro governo é o de Alexandre Abreu, que presidiu o Banco do Brasil entre 2015 e 2016, durante o governo de Dilma Rousseff.

Funcionário de carreira do banco, o executivo saiu do BB no ano em que a ex-presidente sofreu o impeachment. Abreu passou um tempo fora do mercado, até assumir o Original em 2018. O banco faz parte do grupo J&F, dono de negócios como a JBS, PicPay e Eldorado Brasil.

Já as duas mulheres que integrarão o corpo de diretores fizeram carreira exclusivamente no setor privado. Em comum, as duas integraram (ou ainda integram, como é o caso de Natalia Dias) o time de executivos do Standard Bank.

O banco tem grande importância na África do Sul e em países vizinhos, e é uma das instituições credenciadas pelo BNDES para financiar exportações de empresas brasileiras para a região. Além disso, o Standard Bank South Africa pode atuar como garantidor em operações com o banco estatal do Brasil.

Antes de ser presidente da Embrapii, José Luis Gordon atuou em cargos de diretoria da organização, foi assessor especial do Ministério da Educação e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Nessas passagens, ele trabalhou com Mercadante, que foi ministro das pastas durante o governo Dilma.

Luiz Navarro de Britto foi consultor do Senado e assessor da mesa diretora da Câmara até se tornar membro do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Em 2015, o advogado passou a integrar o Conselho de Administração da Petrobras e de lá assumiu o posto de ministro-chefe da CGU, em 2016. Seu mandato à frente da Controladoria-Geral foi breve e durou até o fim do governo Dilma.

Almoço com empresários

Ainda de acordo com O Globo, Mercadante teria levado os executivos a um almoço organizado em São Paulo por João Camargo, presidente do Conselho de Administração do grupo Esfera, um think tank declarado apartidário que reúne empresários do setor privado.

No evento estariam presentes Joesley Batista, um dos donos da J&F, dona do Original e da JBS. O braço de participações do BNDES, o BNDESPar, é um dos maiores acionistas da JBS, com uma fatia societária de 20%.

Outros nomes, como André Esteves, dono do banco BTG, Rubens Ometto, presidente do conselho de administração da Cosan, Fábio Ermírio de Moraes, do Grupo Votorantim, Isaac Sidney, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), e Eugênio Mattar, fundador da Localiza e irmão de Salim Mattar, ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro, também participaram do almoço.

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