Marisa: prejuízo 7 vezes maior acende alerta e ações despencam
Varejista Marisa multiplicou o prejuízo no último trimestre de 2022 para R$ 189 milhões, sete vezes mais do que no mesmo período de 2021
atualizado
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As ações da Marisa caem quase 5% na tarde desta segunda-feira (3/4), após a varejista reportar resultados trimestrais abaixo do esperado. Na noite da última sexta-feira (31/3), a Marisa divulgou o balanço do 4º trimestre de 2022. No período, a empresa registrou um prejuízo de R$ 189 milhões, mais de sete vezes do que o prejuízo registrado no mesmo período de 2021.
Além da situação financeira delicada, o balanço revelou problemas anteriores na gestão da Marisa, em especial no negócio de cartões. O resultado financeiro foi divulgado sem o aval da auditoria externa, uma prática pouco usual para empresas de capital aberto (listadas na Bolsa de Valores). A razão para a publicação dos números sem o aval da auditoria foi a “arrumação da casa” promovido pelos novos executivos da varejista.
Em fevereiro, a Marisa iniciou uma empreitada para tentar renegociar dívidas e reestruturar operações. Durante esse processo, a nova equipe financeira, apoiada pela empresa de auditoria Deloitte e pelo escritório Lefosse advogados, descobriu erros nos balanços dos anos anteriores.
Parte do resultado ruim de 2022 se deu, por exemplo, pela baixa contábil de receitas de R$ 50 milhões que foram registradas de forma equivocada em anos anteriores e pela reclassificação de despesas de R$ 48 milhões que também foram lançadas em linhas incorretas do balanço.
“Apoiada pelo resultado da auditoria interna e da comissão externa, a companhia já refletiu as poucas sugestões de melhoria que ainda não haviam sido implementadas em suas práticas contábeis e demonstrações financeiras”, disse a Marisa, em comunicado.
O balanço de 2022 deve ser republicado até o final de abril, desta vez com o aval da auditoria externa.
Serviços financeiros
Outra explicação para a deterioração no resultado da Marisa foi o desempenho do braço de cartões e serviços financeiros, contidos nas operações do Mbank e da MPagamentos. Enquanto o Ebitda (indicador que mede o lucro antes de juros, impostos e outros custos) da operação de varejo ficou positiva em quase R$ 20 milhões no último trimestre de 2022, o braço financeiro teve um prejuízo de R$ 115 milhões.
A disparada dos juros causou um aumento na inadimplência nas carteiras. Será necessário, inclusive, uma injeção de recursos pelos controladores para reenquadrar a operação financeira da empresa nos índices mínimos regulatórios e prudenciais.
A família Goldfarb, que tem mais da metade das ações da Marisa, fará um aporte de R$ 90 milhões para sustentar a operação no curto prazo. Caso isso ainda não seja suficiente para enquadrar o braço financeiro nas condições regulatórios, os controladores poderão ser obrigados a aportar mais R$ 26 milhões até meados de 2023.