Mansueto e Levy dizem que reforma tributária virá antes do esperado
Mansueto Almeida, ex-secretário do Tesouro, e Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda, saíram otimistas de reunião com Fernando Haddad em SP
atualizado
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Um dos principais defensores do ajuste fiscal para diminuir o rombo das contas públicas do país, o ex-secretário do Tesouro Nacional Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG, saiu otimista da reunião desta sexta-feira (13/1) com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e outros economistas e representantes do mercado.
Após o encontro, realizado a portas fechadas no escritório do Ministério da Fazenda em São Paulo, Mansueto afirmou que a proposta de reforma tributária do novo governo deve ser apresentada ao Congresso Nacional ainda no primeiro semestre deste ano.
“Será mais rápido do que a gente esperava. Vamos ter uma proposta de reforma tributária que será levada ao Congresso. O ministro prometeu que possivelmente será no primeiro semestre”, disse Mansueto. “A questão tributária está avançando bastante. Já tem a proposta a partir da PEC 45 e da PEC 110. Tem o Bernard Appy, que entende bastante de reforma tributária”, completou.
Appy comanda uma secretaria especial que trata da reforma tributária, discutida há pelo menos 15 no Congresso Nacional. O projeto em estágio mais avançado no Parlamento é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2019, na Câmara dos Deputados, idealizada por ele.
O ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, que comandou a pasta em 2015, no início do segundo mandato de Dilma Rousseff, também deixou a reunião demonstrando confiança no avanço da reforma tributária nos próximos meses. “Será mais cedo do que se pensou em certo momento”, afirmou Levy.
“Houve um reforço das indicações que o ministro deu ontem. A boa notícia é que eles estão olhando com bastante atenção os próximos passos, como a reforma tributária, que é fundamental para o crescimento, e o arcabouço fiscal. Foi um encontro muito construtivo”, disse.
Mansueto também elogiou as primeiras medidas anunciadas por Haddad na quinta-feira (12/1) e afirmou que a meta de um déficit fiscal de R$ 100 bilhões é factível.
“As medidas de ontem foram muito positivas. O que saiu do Orçamento é que o país teria um déficit primário de mais de R$ 230 bilhões. Parece que estamos caminhando para um déficit primário em torno de R$ 100 bilhões”, disse.
“É claro que temos de esperar algumas medidas que precisam ser aprovadas no Congresso, a reoneração da gasolina que deve voltar em algum momento. Mas, se o déficit primário ficar na casa dos R$ 100 bilhões, já é muito melhor do que o número que saiu no Orçamento.”
Segundo o ex-secretário do Tesouro do governo de Michel Temer, a sinalização de “segurança fiscal”, em conjunto com a reforma tributária, podem levar o país ao crescimento. “Com uma trajetória fiscal melhor, teremos uma inflação menor e juros menores. Logo, mais crescimento”, concluiu.
Em novembro do ano passado, quando compareceu ao Almoço Anual de Dirigentes de Bancos promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo, Fernando Haddad, ainda sem ter sido nomeado ministro da Fazenda por Lula, afirmou que a reforma tributária seria “prioridade total” do novo governo.
Além de Mansueto e Levy, participaram da reunião com Haddad nomes como Bruno Funchal, ex-secretário do Tesouro e atualmente CEO da Bradesco Asset; Maurício Oreng, superintendente de pesquisa macroeconômica do Santander; Marcos Azer Maluf, CEO da Necton; além do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo.