Lula tem “autoridade” para criticar BC por juros, diz nº 2 da Fazenda
Para Gabriel Galípolo, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Lula tem “legimitimidade” para pedir a queda da taxa básica de juros
atualizado
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que entrou em choque nos últimos meses com o chefe do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, por causa da taxa de juros, tem “autonomia e autoridade” para fazer críticas à condução da política monetária. A avaliação é do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, número 2 da pasta.
Lula e alguns ministros do governo, além de lideranças do PT, vêm criticando a decisão do BC de manter a taxa Selic em 13,75% ao ano.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. Quando o BC aumenta os juros, o objetivo é segurar a demanda aquecida, o que se reflete nos preços — os juros mais altos encarecem o crédito e, assim, ajudam a conter a atividade econômica, com menos dinheiro em circulação.
“Eu nunca me elegi nem para síndico de prédio. O presidente da República está em seu terceiro mandato e eu sou a última pessoa que fará qualquer tipo de comentário. Ele (Lula) é o único de todos nós que teve 60 milhões de votos. Tem legitimidade, além de experiência, para falar e saber o que está falando”, afirmou Galípolo, em entrevista ao UOL nesta quinta-feira (6/4).
“O presidente tem toda autonomia e autoridade para comentar sobre isso. Acho que o BC deve seguir analisando os indicadores para determinar qual taxa de juros deve colocar e considerar quais são os impactos na economia”, completou o número 2 da Fazenda.
Na entrevista, Galípolo repetiu o discurso adotado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista à BandNews também nesta quinta, e disse que o novo arcabouço fiscal pode fazer com que o BC inicie uma trajetória de redução dos juros no país.
“Desde que o arcabouço foi anunciado, o real se valorizou para um outro patamar e também os juros chamados de longos (juros futuros) vêm caindo consistentemente a cada dia. Entendemos que esses dois sinais permitem um ambiente mais propício para que o BC possa vir a reduzir os juros”, afirmou.