Lucro das empresas listadas na Bolsa aumenta 55% no 3º trimestre
No caso das companhias não financeiras, distribuição de dividendos somou R$ 148,5 bilhões, num salto de 228% em relação a 2023
atualizado
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O desempenho das 327 empresas listadas na Bolsa brasileira (B3) registrou um avanço significativo no terceiro trimestre de 2024. O lucro líquido dessas companhias aumentou cerca de 55% em relação ao mesmo período do ano passado, passando de R$ 98,3 bilhões para R$ 152,3 bilhões. O levantamento foi feito pela consultoria Elos Ayta.
No caso das 297 empresas não financeiras, excluída dessa cota a Americanas – cuja forte variação comprometeria a análise –, o crescimento do lucro líquido foi de 53,54%. Ele saiu de R$ 67,4 bilhões no terceiro trimestre de 2023 e alcançou R$ 103,5 bilhões nos mesmos meses deste ano.
Um dos destaques do balanço trimestral das empresas não financeiras, destaca a análise, foi a distribuição de dividendos. Ela somou R$ 148,5 bilhões, um salto de 228,05% em relação a 2023. “Grande parte desse crescimento veio da Petrobras e da Vale, que contribuíram com R$ 56,2 bilhões adicionais”, diz Einar Rivero, sócio da Elos Ayta. “Essa política de dividendos elevados reforça o compromisso em retornar valor aos acionistas, mas levanta questões sobre a priorização entre distribuição de lucros e reinvestimentos para expansão”.
As receitas das companhias não financeiras somaram R$ 1,08 trilhão no trimestre, um avanço de 12,03% em relação a 2023. Esse crescimento foi acompanhado por um aumento de 12,86% no custo de produtos vendidos (CPV), totalizando R$ 796,9 bilhões. A estabilidade da relação entre receitas e CPV sugere um controle eficaz sobre a produtividade, com destaque para a manutenção da margem bruta em níveis competitivos.
O endividamento bruto dessas companhias subiu 10,33%, para R$ 2,27 trilhões, enquanto a dívida líquida cresceu 8,39%, alcançando R$ 1,53 trilhão. O caixa das empresas, no entanto, registrou aumento de 14,63%, totalizando R$ 736,5 bilhões.
Para Rivero, esse aumento na liquidez é um dado positivo. Ele indica que as empresas estão reforçando suas reservas, possivelmente para enfrentar incertezas econômicas ou aproveitar oportunidades de crescimento futuro.
Razões do salto
Na avaliação do analista, os números do terceiro trimestre de 2024 mostram que as empresas listadas na B3 estão aproveitando o momento para ajustar estratégias, equilibrando eficiência operacional, crescimento de receita e retorno ao acionista. “A redução de despesas operacionais e financeiras foi fundamental para sustentar os lucros, enquanto o aumento nos dividendos reflete o foco em manter a atratividade para investidores”, diz o técnico.
Ele observa, contudo, que o aumento do endividamento bruto, ainda que acompanhado de maior liquidez, exige atenção, “especialmente em um ambiente de taxas de juros elevadas”. “A capacidade das empresas de manter margens saudáveis e aproveitar oportunidades de crescimento determinará o ritmo de seus resultados nos próximos trimestres”, afirma Rivero.