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Juros em queda acentuada? O que espera o mercado para futuro da Selic

Copom inicia reunião sobre juros nesta terça-feira. Expectativa é que haja redução moderada na Selic, mas chuva de cortes na sequência

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1 de 1 imagem colorida Fachada de prédio do Banco Central do Brasil focus - Metrópoles - Foto: Breno Esaki/Metrópoles

Após meses de expectativa e embates em Brasília, o primeiro corte na taxa de juros desde 2020 deve estar a caminho. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inicia nesta terça-feira (1º/8) uma reunião de dois dias para definir a taxa básica de juros, a Selic.

A Selic está hoje em 13,75%, o maior patamar desde 2016. A mediana das projeções no mercado financeiro aponta para corte de 0,25 ponto percentual (p.p.), com a Selic indo a 13,50%.

Um corte maior não está descartado, embora seja visto como menos provável. No comunicado da última reunião, em junho, o tom usado pelo comitê foi considerado mais duro, citando expectativas de inflação ainda desancoradas para o médio prazo.

Com isso, uma manutenção da Selic também não está descartada no limite. Um mês atrás, essa possibilidade era muito maior, e mais casas apostavam em início dos cortes somente em setembro. Mas a queda na inflação de junho e na prévia de julho (que fechou em 3,19% em 12 meses) fez o mercado dobrar as apostas em redução já nesta reunião de agosto.

Planalto espera corte maior

O Planalto sinaliza esperar um corte maior, de 0,50 p.p.. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o debate não é de “se”, mas de “quanto” cairá a Selic. “Tem um espaço generoso para aproveitar”, afirmou o ministro.

Apesar do desejo do governo, a leitura geral é que o Copom tende a começar o ciclo de virada na Selic em ritmo moderado, para só depois iniciar uma sequência de cortes maiores.

“Esperamos que o BC comece com um corte de 25 bps (0,25 p.p.) em agosto e acelere para 50 bps (0,50 p.p.) nas reuniões subsequentes do ano”, disse, em nota, Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Rena.

A Warren é uma das casas que já apostam em inflação dentro da meta para 2023, mais otimista do que o consenso. Apesar disso, Goldenstein afirmou que um ajuste de 0,25 p.p. “seria bem mais coerente com a clara sinalização anterior do Comitê de cautela e parcimônia na condução da política monetária e conteria um ‘excesso de otimismo’ no mercado de juros”.

Selic em 12% no fim do ano

A expectativa na mediana das projeções, por ora, é que a Selic vá dos atuais 13,75% a 12% até o fim do ano (o governo aposta em 11,75%).

Para isso, passada a reunião de agosto, serão necessários vários cortes de 0,50 p.p. ou até 0,75 p.p. a partir de setembro. Até o fim de 2024, a Selic cairia para 9,50%, no consenso do mercado até agora.

“Acreditamos que o BCB deve iniciar o atual ciclo de redução de juros com cautela, dada a dinâmica de núcleos e expectativas de inflação ainda acima da meta e a resiliência da atividade econômica e do mercado de trabalho”, disseram em relatório Julia Gottlieb e Julia Passabom, do Itaú BBA.

“Cortes de juros menos cautelosos, por sua vez, podem levar a uma eventual depreciação da moeda e/ou piora nas expectativas de inflação, o que poderia cercear e, no limite, até interromper o processo de desinflação em curso”, escreveram as analistas.

A última vez que o Copom cortou a taxa de juros foi em junho de 2020 – em um momento em que a economia global vivia recessão gerada pelos fechamentos da pandemia da Covid-19.

Com a alta das commodities e inflação disparando no Brasil e no mundo, o ciclo de altas foi iniciado em janeiro de 2021. De lá para cá, a Selic saiu de 2%, mínima histórica, para subir mais de 11 pontos.

Entre economistas, o BC brasileiro é elogiado por ter antecipado o aperto monetário e, com isso, ter contribuído para o combate à inflação em curso.

Comunicado do Copom é aguardado

Além do corte ou manutenção da taxa, os olhos estarão voltados ao comunicado do comitê, que trará mais pistas sobre os planos a partir de agora. A decisão do Copom virá a público na noite de quarta-feira (2/8).

No radar, há pontos que podem aparecer na mensagem, como a possibilidade de aumento do preço dos combustíveis, afirmou nesta semana o economista André Perfeito, cuja aposta é de corte em 0,50 p.p. A Petrobras, como mostrou o Metrópoles, não tem aumentado seus preços no mesmo ritmo do mercado internacional, mas a pressão por um reajuste pode crescer, caso o preço do petróleo siga em alta.

“A questão talvez nem seja o corte em si, mas na comunicação deste corte, afinal o que está em jogo não é o curto prazo, mas os vértices mais longos [da curva de juros]“, disse Perfeito.

A reunião de agosto será ainda a primeira que contará com indicados do novo governo Lula no Copom. Após aprovação em sabatina no Senado, tomaram posse no último dia 12 de julho os diretores Ailton de Aquino e Gabriel Galípolo. Até junho, Galípolo foi secretário-executivo no Ministério da Fazenda, atuando como o número 2 do ministro Fernando Haddad.

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