Juro teria de ser de 26,5% para atingir meta, diz presidente do BC
Chance de não atingir limite fixado para inflação é de 83%. Roberto Campos Neto afirmou que está “suavizando” condução da política monetária
atualizado
Compartilhar notícia
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse, nesta quinta-feira (30/3), que “se fosse cumprir a meta de inflação em 2023, teria que ter juro de 26,5%”. Ele observou que, nesse sentido, “esta fazendo um processo de suavização” para atingir o alvo. A afirmação foi feita durante entrevista coletiva, na apresentação do Relatório Trimestral de Inflação do BC.
A meta de inflação para este ano foi fixada em 3,25%, com oscilação, para cima ou para baixo, de 1,5 ponto percentual. Ou seja, isso resulta em um intervalo superior máximo de 4,75%. “É óbvio que a gente sabe que isso (atingir os 4,75%) é impossível”, disse Campos Neto.
O BC estima que a inflação em 2023 ficará em 5,78%. Assim, de acordo com o próprio órgão, a possibilidade de descumprimento da meta é de 83%.
Na coletiva, o presidente do BC também criticou interpretações feitas nos últimos dias sobre a ata do Comitê de Política Monetária (Copom). No documento, o Copom explica por que decidiu manter os juros básicos do Brasil, a taxa Selic, em 13,75% ao ano, em reunião realizada na quarta-feira (22/3).
Campos Neto considerou que, nesse caso, está havendo uma “politização de uma linguagem muito técnica”. Ao ser questionado sobre o trecho do documento que diz que o BC “não hesitará” em retomar o ciclo de ajuste se a desinflação não ocorrer, ele observou: “A menção de alta de juro na ata vinha desde setembro, de antes da eleição”.