Itaú processa ex-diretor por receber R$ 4,8 milhões “indevidamente”
Quantia teria sido acumulada nos últimos cinco anos, por meio de 23 transferências. Alexsandro Broedel contesta as acusações
atualizado
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O Itaú Unibanco ajuizou, na sexta-feira (6/12), uma ação na Justiça paulista na qual acusa seu ex-diretor financeiro Alexsandro Broedel (foto em destaque) de ter violado políticas internas e agido em “grave conflito de interesses”, supostamente em benefício próprio, em contratações de pareceres técnicos. A acusação consta de uma ata da assembleia geral extraordinária da instituição financeira, publicada na imprensa neste sábado (7/12).
Broedel atuou no Itaú por 12 anos. Em julho, ele pediu demissão para assumir um cargo executivo na sede do Santander, na Espanha. Dali, passou a comandar a unidade global de contabilidade do banco espanhol. Em nota, o executivo negou as acusações feitas pelo Itaú (veja abaixo).
Na ação, o Itaú afirma que Broedel era dono de uma empresa em sociedade com o consultor Eliseu Martins, um dos maiores especialistas em contabilidade do Brasil, ex-diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Banco Central (BC).
De acordo com as investigações do banco, o ex-CFO contrataria pareceres da empresa de Martins e, por meio de uma engenharia financeira que abrangia outras companhias, recebia parte do valor dos contratos.
Movimento de milhões
Em nota, o Itaú afirmou que, nos últimos cinco anos, Broedel aprovou contratações de pareceres e pagamentos no valor total de R$ 13,2 milhões, sendo 10,4 milhões entre 2022 e 2024, para empresa ligada ao fornecedor do qual era sócio.
A seguir, diz o comunicado do banco: “Foram apurados, ainda, fortes indícios de que o fornecedor redirecionava parte do recebível diretamente para contas de Alexsandro Broedel Lopes, em 23 transferências, realizadas no período de 2019 a 2024, no valor total de R$ 4,86 milhões, primordialmente para contas em outras instituições, usando empresa intermediária”.
Sem afetar balanço
De acordo com o banco, os balanços da instituição foram reavaliados pelo comitê de auditoria da companhia e por consultoria externa e independente, a PWC. Ambas as análises “certificaram a lisura e a ausência de impacto nas demonstrações financeiras e nos resultados do Itaú Unibanco”.
Contestação de Broedel
Por meio da assessoria de comunicação, Alexsandro Broedel contestou as acusações. Ele afirmou que “sempre se conduziu de forma ética e transparente em todas as atividades ao longo dos seus 12 anos no banco – algo nunca contestado pelo Itaú”.
No comunicado, a assessoria observa: “O parecerista mencionado pelo Itaú já prestava serviços ao banco há décadas, muito antes de Broedel ser convidado para a diretoria da instituição. Os serviços mencionados eram do conhecimento do Itaú e requeridos por diferentes áreas do banco.
Causa profunda estranheza que o Itaú levante a suspeita sobre supostas condutas impróprias somente depois de Broedel ter apresentado a renúncia aos seus cargos no banco para assumir uma posição global em um dos seus principais concorrentes, cumprindo o período de quarentena definido pelo banco”. Por fim, o texto destaca: “Alexsandro Broedel tomará as medidas judiciais cabíveis neste caso”.