Itaú eleva projeção do PIB para 2,5%, mas não vê déficit zero em 2024
Projeção anterior era de alta de 2,3%. Analistas do Itaú apontaram “dados melhores de atividade” e “resiliência do mercado de trabalho”
atualizado
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O Itaú revisou sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2023, de 2,3% para 2,5%, segundo informou o banco em relatório a clientes nesta sexta-feira (11/8). Na outra ponta, para o ano que vem, o banco afirma que o governo terá dificuldades na implementação do marco fiscal e não deve chegar perto do déficit primário “zerado” que estabeleceu para 2024.
Por ora, a revisão no PIB foi feita, segundo o Itaú, por “dados melhores de atividade” e “resiliência do mercado de trabalho”. A projeção do PIB para 2024 foi mantida em crescimento de 1,5%.
A taxa de desemprego projetada para este e o próximo ano também ficou em 8%, a menor desde meados da última década.
A casa reduziu ainda a expectativa de inflação e passou a projetar Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 4,9%, frente aos 5,1% anteriores. O número segue acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central para o ano, que é de 4,75%.
Até o fim do ano, analistas afirmaram que “reajustes adicionais” do preço da gasolina pela Petrobras representariam um “risco de alta” para a inflação, diante da alta internacional do petróleo. Ainda assim, o cenário estimado é que a Petrobras não subirá o insumo o suficiente para que isso ocorra.
“A desinflação mais rápida de bens comercializáveis (alimentos e industriais) deve ser apenas parcialmente compensada por um reajuste de 5% nos preços da gasolina na refinaria”, diz o Itaú em relatório.
Para 2024, a projeção do banco é de IPCA em 4,3% (antes, era de 4,4%). O teto da meta brasileira para o próximo ano é de 4,5%.
Já a taxa básica de juros, a Selic, deve terminar o ano em 11,75%, nas projeções da casa, com cortes sequenciais de 0,5 ponto percentual (p.p.). A Selic está hoje em 13,25%, após o BC promover o primeiro corte de 0,5 p.p. na reunião de agosto.
“Não descartamos, no entanto, um aumento no ritmo dos cortes, especialmente no final do ano”, diz o relatório do Itaú, assinado pela equipe do economista-chefe Mario Mesquita.
Dificuldades no orçamento
Apesar da aprovação prevista do marco fiscal no Congresso, que substituirá o teto de gastos, o Itaú não aposta que o governo conseguirá ficar próximo de zerar o déficit primário em 2024, como prevê a meta da nova regra. Um déficit primário ocorre quando o governo tem despesas superiores às receitas.
A projeção revisada do banco é de déficit primário brasileiro de 1% do PIB em 2023 e 0,8% em 2024.
“O arcabouço fiscal e as medidas de recomposição das receitas, a serem complementadas ao fim de agosto com novos anúncios visando ao orçamento do ano que vem, reduzem riscos extremos, mas ainda possuem desafios de implementação significativos”, diz o relatório.