Itaú: é “leviana” tentativa dos sócios da Americanas de dividir culpa
Em nota, Itaú refuta tese levantada por sócios bilionários da Americanas de que bancos teriam responsabilidade de checar dados do balanço
atualizado
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O Itaú Unibanco, a quem a Americanas deve cerca de R$ 3 bilhões, divulgou uma nota na tarde desta terça-feira (24/1) para rebater a carta divulgada pelos sócios da varejista no último domingo (22/1).
No primeiro posicionamento público desde que o rombo de R$ 20 bilhões foi divulgado, os bilionários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles disseram que não sabiam de nenhuma irregularidade no balanço da Americanas.
“Jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia. Nossa atuação sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e legal”, disseram os empresários.
O documento do Itaú refuta a tese de que os acionistas de referência, que administraram a Americanas nos últimos 20 anos, não poderiam saber do que se passava nas demonstrações financeiras. Disse o banco:
“A elaboração e aprovação das demonstrações financeiras que espelhem a realidade da companhia são responsabilidade única e exclusiva da administração da empresa, incluindo sua diretoria e conselho, e sem nenhuma influência dos bancos ou outros credores.”
Socialização de riscos
O banco, que é o terceiro maior credor financeiro da Americanas, busca se defender de outro aspecto que a nota de Lemann, Sicupira e Telles apresentou.
Além de negar que tivesse conhecimento de um problema que, a princípio, esteve presente nos últimos anos, o trio tentou dividir a responsabilidade da vigilância financeira com a empresa de auditoria e com os próprios credores.
“Contávamos com uma das maiores e mais conceituadas empresas de auditoria independente do mundo, a PwC. Ela, por sua vez, fez uso regular de cartas de circularização, utilizadas para confirmar as informações contábeis da Americanas com fontes externas, incluindo os bancos que mantinham operações com a empresa. Nem essas instituições financeiras nem a PwC jamais denunciaram qualquer irregularidade”, escreveram os bilionários.
Carta de circularização é um documento usado pela auditoria para checar se as informações prestadas pela empresa auditada são fidedignas. Por exemplo: a Americanas informa à PwC possuir um financiamento de tal valor com determinado banco. A auditoria, então, pede ao banco uma carta de circularização para atestar que o valor do financiamento e as condições informadas pela empresa estão corretas.
Os sócios dão a entender que nem a auditoria e nem os bancos acusaram qualquer irregularidade, mesmo tendo, em tese, todas as condições para fazer isso.
O Itaú reforçou, na nota, que “as cartas de circularização são apenas um instrumento, dentre muitos, que apoiam a auditoria no trabalho de verificação das informações fornecidas pela administração, e foram respondidas conforme as melhores práticas de mercado”.
“Dessa forma, é leviana a tentativa de atribuir aos bancos qualquer responsabilidade sobre as práticas contábeis irregulares da empresa”, finalizou o banco, no comunicado.