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Investimentos: queda da Selic deve tornar renda variável mais atrativa

Com redução da taxa de juros, investidores se sentem mais seguros para buscar retornos possivelmente maiores, mesmo diante de risco maior

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1 de 1 Imagem colorida mostrando as mãos de uma pessoa mexendo na tela do computador, que exibe dados e gráficos sobre o desempenho de ações na bolsa de valores - Metrópoles - Foto: Getty Images

Depois de quase um ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu a taxa básica de juros (Selic), de 13,75% para 13,25% ao ano, em decisão anunciada na noite de quarta-feira (2/8).

A redução de 0,5 ponto percentual foi comemorada pelo governo, que cobrava publicamente a queda dos juros, e surpreendeu grande parte do mercado, que apostava em uma queda menos acentuada da Selic.

A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. A Selic é utilizada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia. A queda da taxa de juros também afeta diretamente os investimentos, especialmente os ativos pós-fixados de renda fixa, cuja rentabilidade está atrelada à Selic.

Renda variável se torna mais atrativa

Com a redução da taxa básica de juros, a tendência é a de que os investimentos em renda variável (ativos de maior risco e sem retorno no momento da aplicação) se tornem mais atrativos do que os de renda fixa.

Em linhas gerais, isso ocorre porque os investidores se sentem mais seguros para buscar retornos possivelmente maiores, mesmo que isso signifique se expôr a mais riscos.

Taxas mais baixas de juros também são positivas para as empresas, que têm condições de tomar crédito e fazer investimentos com mais folga, o que pode levar à valorização de suas ações na bolsa de valores.

“Essa migração para a renda variável acontece por causa dos potenciais retornos maiores. Se as ações têm um ritmo de crescimento maior, naturalmente os lucros aumentam. Esse crescimento dos lucros faz com que as ações se valorizem, o que aumenta a chance de retornos mais expressivos mais adiante”, explica Hugo Queiroz, especialista em investimentos e diretor de Corporate Advisory da L4 Capital.

Entre os ativos de renda variável, estão: 

  • Ações de empresas
  • Alguns fundos de investimentos
  • Fundos imobiliários
  • Câmbio

Na renda fixa, destacam-se:

  • Títulos do Tesouro Direto
  • CDBs (Certificados de Depósitos Bancários)
  • LCI (Letra de Crédito Imobiliário)
  • LCA (Letra de Crédito do Agronegócio)

Pós e prefixados de renda fixa

Os pós-fixados são ativos de renda fixa que têm sua rentabilidade atrelada a um índice, como a Selic e o Certificado de Depósito Interbancário (CDI). Um exemplo é o Tesouro Selic, que rende o equivalente à taxa de juros do país – a rentabilidade desse título passará, portanto, a ser de 13,25% ao ano.

Os títulos prefixados, por sua vez, remuneram a uma taxa fixa ao ano, mas a rentabilidade só é garantida se o investidor mantiver o papel em sua carteira até o vencimento. Se fizer um resgate antecipado, o título pode ser negociado com prejuízo por causa da atualização de valor pelas regras de oferta e demanda.

“Do lado da renda fixa, os títulos prefixados vão se valorizar mais do que os pós-fixados. Quando a Selic entra em uma trajetória de queda, esses títulos pós-fixados perdem um pouco de atratividade e os títulos pré ganham valor. Em renda fixa, no cenário de corte de juros, acontece essa migração de pós para pré”, afirma Queiroz.

“Os demais ativos, mais voltados à economia real, como bolsa, fundos imobiliários e Fiagros (Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais), tendem a se valorizar pelo efeito de redução de custo de oportunidade, com a Selic mais baixa. O investidor demanda menos retorno para investir e, obviamente, as taxas de desconto são menores. Por isso, esses ativos de risco se valorizam mais”, diz.

Quais são os maiores retornos líquidos

De acordo com um levantamento da plataforma de investimentos Yubb, os ativos de renda fixa nos quais o investidor não precisa pagar imposto são aqueles com a maior rentabilidade real, descontada a inflação. O estudo mostra que as chamadas debêntures incentivadas apresentam, neste momento, o maior rendimento real entre os principais investimentos de renda fixa, por volta de 9,6%.

Debêntures incentivadas são títulos emitidos por empresas de infraestrutura para o financiamento de obras nos setores de energia, transportes, saneamento e telecomunicação. Esses títulos são isentos de tributação justamente para que aumentem os investimentos na área de infraestrutura no país.

Depois das debêntures incentivadas, os títulos que oferecem maior retorno são as LCIs (8%) e as LCAs (7,7%) – isentas do pagamento de Imposto de Renda (IR).

Tesouro, CDB e poupança

O Tesouro Direto é considerado a opção mais acessível de negociação de títulos públicos no Brasil. Entre os papéis disponíveis, o destaque vai para o Tesouro Selic. Com a taxa básica de juros em 13,25% ao ano e a inflação em franca desaceleração, o retorno líquido real (ganho acima da inflação) projetado para uma aplicação no Tesouro Selic é de 5,42% para o período de 12 meses, segundo os dados da Yubb.

Para o CDB (um título privado, emitido por empresas ou instituições financeiras), a rentabilidade média esperada é de 2,9% em 12 meses para aplicações em bancos grandes e de 6,9% em bancos médios (descontada a inflação). A poupança também continua sendo uma das alternativas menos rentáveis, com rentabilidade real de 3,41%.

“Uma taxa de juros menor vai fomentar a aceleração econômica. O PIB deve acelerar. O consumo das famílias aumenta porque os juros estão mais baixos. As empresas vão pegar crédito para seus investimentos e a roda econômica volta a girar”, afirma Hugo Queiroz. “Conforme o BC vai diminuindo mais os juros, o efeito econômico vai aparecendo, em um período entre seis e nove meses. Isso vai acelerar o ritmo de crescimento dos lucros”, conclui.

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