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Selic: 91% dos investidores já não acreditam mais em corte nos juros

Em 9 de maio, 59% ainda previam uma redução de 0,25 ponto percentual dos juros, na próxima reunião do Copom, entre 18 e 19 de junho

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Imagem de uma mão mexendo com dados em que aparecem símbolos de porcentagem e o nome "Selic", em alusão à taxa de juros - Metrópoles
1 de 1 Imagem de uma mão mexendo com dados em que aparecem símbolos de porcentagem e o nome "Selic", em alusão à taxa de juros - Metrópoles - Foto: Getty Images

É quase unanimidade entre os investidores. Entre os dias 18 e 19 de junho, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), não haverá corte da taxa básica de juros do Brasil, a Selic. Ao menos, é isso o que indicam os dados do mercado de Opções de Copom, da Bolsa brasileira (B3).

Nesse segmento da B3, os investidores literalmente apostam no que vai acontecer com a Selic depois de cada encontro do Copom. No caso da próxima semana, além de 91% apostarem na manutenção da taxa, apenas 6,5% acreditam que haverá um corte de 0,25 ponto percentual. Uma fatia ainda menor, de somente 1,56%, imagina que poderá ocorrer uma redução de 0,5 ponto percentual. 

A possibilidade de manutenção da taxa, hoje aceita por 91%, disparou no inicio do mês passado.  Em 9 de maio, ela estava em 37%, enquanto 59% ainda acreditavam numa redução de 0,25 ponto percentual. Essa perspectiva começou a ruir de forma radical logo depois da última reunião do Copom, entre 7 e 8 de maio. Na ocasião, o órgão do BC cortou a Selic em 0,25 ponto, fixando-a em 10,50% ao ano.

A decisão, contudo, provocou um racha entre os diretores do Comitê, o que provocou um tremendo reboliço no mercado. Os quatro componentes indicados pelo governo Lula votaram na queda de 0,50 ponto, também defendida pelo Planalto e pelo PT. Os outros quatro membros que já faziam parte do órgão antes da posse do novo presidente da República optaram pela redução mais conservadora, de 0,25 ponto, que acabou prevalecendo, com o aval e voto decisivo do presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Fator externo

Na avaliação de analistas, vários fatores, tanto externos como internos, têm contribuído para uma visão pessimista do comportamento da taxa de juros no Brasil por parte do mercado. No ambiente internacional, por exemplo, está cada vez mais distante a perspectiva de redução dos juros nos Estados Unidos, cuja economia não para de dar sinais de aquecimento. 

Com isso, a inflação tende a não ceder tão cedo por lá. Nesse cenário, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) não reduzirá no curtíssimo prazo os juros do país, hoje fixados no intervalo entre 5,25% e 5,50%. As taxas altas nos EUA dificultam a queda da Selic no Brasil e pressionam a cotação do dólar para cima.

Ambiente interno

No ambiente interno, observam os analistas, também não faltam motivos para o Copom pisar no freio da queda da Selic. Indicações nesse sentido foram dadas na última ata do órgão, apesar da divergência de voto entre seus integrantes, e apareceram desde então em sucessivas manifestações de Campos Neto. 

Ele tem alertado para o fato de a inflação estar “desancorada” no país. Isso ocorre quando as expectativas do mercado em relação ao IPCA não convergem para a meta, definida em 3% para 2024 e 2025.

As incertezas também ganharam corpo no Brasil, observam os especialistas, depois da mudança da meta fiscal para os anos de 2025 e 2026, anunciada pelo governo Lula no mês passado. A tragédia no Rio Grande do Sul só fez piorar esse quadro, lançando nova incógnita sobre o tamanho dos gastos públicos para a recuperação do estado neste ano e o impacto que a tragédia terá na inflação. Isso por causa da quebra de algumas safras e eventuais danos nas áreas de plantio. 

Além disso, e para piorar o contexto, o racha na última reunião do Copom teve repercussão negativa. O mercado passou a identificar um comportamento que considerou político dos componentes do órgão, uma vez que o grupo dos integrantes indicados pelo PT votou em bloco na queda de 0,50 ponto e os outros membros optaram pela redução menor, de 0,25 ponto.  

Por fim, e dentro dessa perspectiva, a sucessão de Campos Neto, que permanecerá na presidência do BC até o fim deste ano, passou a ser um novo elemento de incerteza. Nesse caso, os investidores temem que as decisões do BC sigam uma orientação política do governo e não se fixem em parâmetros técnicos.

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