Investidores da Evergrande falam em “colapso incontrolável” na China
Segundo os investidores, a falta de empenho da Evergrande para viabilizar uma reestruturação afetará outras companhias do setor imobiliário
atualizado
Compartilhar notícia
A desistência da Evergrande, gigante do mercado imobiliário da China, de levar adiante um plano de reestruturação de US$ 19 bilhões pode gerar um “colapso incontrolável” do setor no país asiático. É o que afirmaram investidores da empresa, em um comunicado divulgado na segunda-feira (9/10).
Na nota, o grupo de investidores, que detém mais de US$ 6 bilhões em ações da Evergrande, disse esperar que a empresa siga em frente com o plano de reestruturação de sua dívida. Eles questionaram o esforços da companhia para obter o apoio de autoridades reguladoras do país.
Segundo os investidores, a suposta falta de empenho da Evergrande para viabilizar a reestruturação afetará, inevitavelmente, outras companhias do setor imobiliário chinês.
“Qualquer reestruturação offshore das empresas imobiliárias chinesas pode se tornar uma missão impossível”, dizem os investidores no comunicado.
Crise na Evergrande
No fim de setembro, veio à tona a informação de que o presidente e fundador da Evergrande, Hui Ka Yan, havia sido detido pelas autoridades chinesas e estaria em prisão domiciliar.
A Evergrande é alvo de uma investigação de órgãos regulatórios da China. Hui Ka Yan, hoje com 64 anos, fundou a empresa em 1996. A companhia se tornou a maior incorporadora residencial da China, mas acumulou dívidas nos últimos anos, até deixar de pagar suas obrigações internacionais em 2021.
A Evergrande informou que está impossibilitada de emitir novos títulos, em meio à crise de liquidez enfrentada pela companhia, o que agrava a situação já delicada do mercado imobiliário do país asiático.
Em comunicado apresentado à Bolsa de Valores de Hong Kong, a Evergrande afirmou que a subsidiária Hengda Real Estate é alvo de uma investigação da Comissão Reguladora de Valores da China por supostamente violar as normas de divulgação de informações.
De acordo com a Evergrande, essa investigação impede que a empresa emita novos títulos.
Proteção contra falência
Em meados de agosto, a Evergrande pediu proteção contra a falência nos Estados Unidos.
A companhia recorreu a um instrumento denominado Chapter 15, da Lei de Falências dos Estados Unidos, que trata de processos internacionais de recuperação judicial que tiveram início em outros países.
A regra permite às empresas estrangeiras terem seu processo estendido aos EUA, protegendo ativos que possuem no país.
O pedido da construtora chinesa se refere a procedimentos de reestruturação em Hong Kong e nas Ilhas Cayman.
A Evergrande tenta, há meses, concluir um plano de reestruturação de sua dívida. Em abril, a companhia informou que não contava com o apoio necessário dos credores para colocar o plano em prática.
Há pouco mais de um mês, a Sunac, outra grande empresa do setor imobiliário chinês, também apresentou um pedido de proteção contra falência nos EUA. No fim do ano passado, as dívidas da Sunac giravam em torno de 1 bilhão de yuans, o equivalente a US$ 137 milhões.