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Investidores buscam lucrar com recuperação e plantio em área degradada

Gestora Paramis Capital lança fundo de investimento agrícola que comprará terras degradadas e transformará em áreas produtivas

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Kamikia Kisedje/ WWF-Brasil
fotomostra uma área desmatada e uma área verde preservada em contraste
1 de 1 fotomostra uma área desmatada e uma área verde preservada em contraste - Foto: Kamikia Kisedje/ WWF-Brasil

A degradação de terras é um dos poucos problemas capazes de reunir defensores da natureza e o agronegócio – ou ao menos a parte do agro que é ambientalmente responsável. Estima-se que o Brasil tenha cerca de 140 milhões de hectares em área degradada. São terras que sofreram danos ambientais e, por isso, não são mais capazes de produzir e nem de contribuir para o equilíbrio do ecossistema em que estão localizadas.

Para se ter ideia da dimensão do problema, a área de agricultura mapeada no país é de 55 milhões de hectares. Ou seja: a produção agrícola poderia praticamente ser multiplicada por quatro, caso o terreno degradado fosse recuperado e transformado em terras produtivas.

Esse é o plano da gestora Paramis, que lançará, nas próximas semanas um Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagro) dedicado a comprar terras degradadas. O produto será oferecido, a princípio, a investidores de alta renda, e tem como público-alvo principalmente estrangeiros interessados em participar do processo de crescimento do agro no Brasil.

O objetivo do novo fundo da Paramis será simples: mapear áreas degradadas no Cerrado, comprar essas terras, investir na recuperação do solo e, por fim, realizar o plantio de soja ou utilizar a área para a criação de gado. Do total de 140 milhões de hectares degradados no Brasil, cerca de 60% ficam no Cerrado.

O rendimento do fundo virá por duas formas: pela produção da terra e, no final do ciclo, pela venda dessas fazendas para outros donos.

O agro e o meio ambiente

A gestora tem sede no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro – conhecido como a “Faria Lima” da capital fluminense. Para ajudar na busca de ativos e no processo de recuperação das áreas degradadas, a Paramis terá como parceira a Fisalis, especialista em ativos agro e com profissionais vindos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), instituição ligada à USP.

“É um plano interessante para o investidor aplicar na recuperação e valorização de terras brasileiras. Não estamos falando mais daquele agro prejudicial ao meio ambiente, estamos falando de uma agricultura moderna e regenerativa”, disse Silvio Vale, sócio da Paramis, ao Metrópoles.

O fundo pretende arrecadar cerca de R$ 500 milhões em uma primeira fase, um patrimônio que alçará o Fiagro da Paramis ao posto de segundo maior da categoria.

Tão logo for “depositado”, o dinheiro dos cotistas será usado pela Paramis para comprar as primeiras fazendas. Os especialistas do fundo estão avaliando áreas degradadas que ocupam mais de 2 milhões de hectares. A princípio, 12 fazendas estão sendo estudadas, mas algumas podem sair da “concorrência” por critérios eliminatórios.

“Temos uma preocupação grande com o histórico. Se a terra em questão teve algum problema ambiental sério, se esteve envolvida em trabalho escravo ou em alguma outra irregularidade, ela não entrará no nosso fundo”, afirma Vale, da Paramis.

Além dos “sinais vermelhos”, como o gestor classificou os critérios eliminatórios, outros fatores estão sendo considerados, como o potencial produtivo da fazenda, o tipo de solo, o clima da região e, claro, preço da terra.

“A terra não produtiva tem custo menor, e essa é a diferença para outros fundos de investimento que estão no mercado e que são donos de terras produtivas. O nosso potencial de valorização é maior”, explica Ricardo Scaff, sócio da Fisalis.

O fundo pretende ser vitrine do setor agro brasileiro para o mundo. Na fase de captação, a Paramis mirou family-offices (escritórios de investimento que cuidam das fortunas das famílias mais ricas brasileiras) e grandes investidores estrangeiros.

“Queremos trabalhar de maneira bastante cautelosa para que o investidor, principalmente o estrangeiro, entenda que não faremos nenhum tipo de devastação, nenhum corte de árvore ou nada que prejudique o meio ambiente. Na verdade, é o oposto: muitas áreas degradadas não cumprem a legislação de preservação permanente de parte da vegetação original, e esse será um ponto que vamos recuperar em nossas fazendas”, explica Ricardo Scaff, sócio da Fisalis.

Ele explica que o plano também considera o bom momento da categoria agrícola no Brasil. Embora seja um setor cíclico e influenciado por questões geopolíticas e climáticas, a produção de commodities costuma ser um porto seguro para a carteira de grandes investidores. No caso da soja e do boi, a proteção é dobrada, uma vez que a demanda global por alimentos deve crescer ao longo dos próximos anos.

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