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Invasões em Brasília fortalecem Lula no curto prazo, dizem analistas

Atos golpistas colocam preocupações fiscais em segundo plano e analistas acreditam que Lula teria apoio para evitar medidas impopulares

atualizado

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1 de 1 Lula - Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Passadas 24 horas das cenas de golpistas destruindo o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, a análise de agentes econômicos é que, no curto prazo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sai fortalecido do episódio, uma vez que a oposição radical perde a capacidade de defender o indefensável.

A questão agora é como o governo equilibrará, no médio prazo, a necessidade de aprovação de pautas impopulares com o clima de instabilidade social. Para especialistas ouvidos pelo Metrópoles, o debate fiscal ficará em segundo plano.

“Acreditamos que o acontecimento enfraquece a oposição radical e aumenta a base de apoio ao presidente. Por outro lado, (o ataque em Brasília) pode tornar o presidente mais hesitante em implementar medidas impopulares, como aumentar os impostos sobre os combustíveis, no início do ano”, disse Marcelo Sá, analista do Itaú BBA, em relatório.

No primeiro dia de mandato, Lula decidiu publicar um decreto prorrogando a isenção de impostos sobre os combustíveis. A medida terá um impacto fiscal de R$ 25 bilhões e potencialmente ampliará o déficit fiscal previsto em R$ 231 bilhões para 2023.

A justificativa para não acabar com os subsídios propostos por Jair Bolsonaro em meados de 2022 foi o impacto da medida impopular sobre um eleitorado profundamente dividido por uma eleição decidida em décimos.

“Lula assumiu a Presidência com uma clara preocupação sobre seus níveis de popularidade, dada a polarização do país. Esse foi o contexto da decisão para postergar a volta da cobrança de impostos federais sobre os combustíveis”, lembrou a equipe de análise da consultoria política global Eurasia, em relatório.

No final de fevereiro, o governo deverá decidir se renova o subsídio ou se recompõe a cobrança de impostos, o que elevaria os custos da gasolina, etanol, diesel e gás de cozinha. As chances de o governo decidir pagar o preço do encarecimento dos combustíveis parecem ainda menores, depois do episódio de ontem.

Fiscal fica para depois

A equipe do banco americano JPMorgan avalia que o recuo da oposição gera um risco de radicalização das demandas da esquerda ao governo. A dominância dessa pauta dependerá da capacidade dos partidos de centro frear o ímpeto da base de Lula. Com o Congresso dedicado a conter os impactos financeiros e políticos dos atos antidemocráticos, tal capacidade fica em aberto.

De qualquer maneira, o que parece claro é que não só o governo evitará assuntos espinhosos, como a discussão de um novo arcabouço fiscal pode ficar para depois.

“O evento tem um impacto negativo relevante, dado que haverá um desvio no debate de problemas que país vinha enfrentando. O foco estará, corretamente, em descobrir quem são as figuras-chave por trás dos movimentos antidemocráticos”, avalia Victor Candido, economista-chefe da gestora RPS.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prometeu levar ao Congresso a proposta de um novo arcabouço fiscal, substituto do teto de gastos, em abril. A instauração da intervenção na segurança do Distrito Federal até o final de janeiro e o foco dos parlamentares em medidas de apuração dos culpados possivelmente prorrogará as discussões do Congresso com a equipe econômica.

Havia, inclusive, a expectativa de que Haddad divulgasse um “plano de voo” das primeiras medidas para a economia ainda nesta semana, mas essa também parece ser uma agenda que não faz mais sentido diante da barbárie vista em Brasília no domingo, segundo analistas.

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