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Otimismo com IA faz big techs voltarem a bombar na bolsa

Após um 2022 em baixa, ações de empresas de tecnologia dispararam no ano. Expectativa de ganhos com IA levaram Nasdaq a subir quase 40%

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homem segura celular em frente a prédio com o logotipo da Nasdaq - Metrópoles
1 de 1 homem segura celular em frente a prédio com o logotipo da Nasdaq - Metrópoles - Foto: Leonardo Munoz/VIEWpress

A primeira metade do ano saiu melhor do que a encomenda para as grandes empresas de tecnologia. Após começarem 2023 com números em desaceleração, desconfiança dos investidores e demissões em massa, as chamadas big techs viram a maré mudar: as possibilidades para a inteligência artificial (IA) generativa, simbolizadas pelo ChatGPT, fizeram investidores renovarem o otimismo com as ações de tecnologia na bolsa.

O retrato da nova fase está na Nasdaq, bolsa que reúne a nata das empresas tech nos Estados Unidos. O índice Nasdaq Composite teve seu melhor primeiro semestre dos últimos 40 anos e acumula alta de quase 40% desde janeiro, em variação muito superior ao restante do mercado.

Em comparação, o índice NYSE, que reflete a bolsa concorrente em Nova York, subiu 6,6%; o Dow Jones avançou 5,5%. O S&P 500, que reúne as maiores empresas dos EUA (de tecnologia ou não), subiu 19% no ano.

Investidores correm para se posicionar no que pode ser a próxima grande revolução no mercado, tal como a chegada do primeiro smartphone, o avanço do e-commerce ou as redes sociais. O efeito produtivo da IA generativa pode adicionar de US$ 2,6 trilhões a mais de US$ 4 trilhões à economia nos próximos anos, segundo cálculos da McKinsey para os principais casos de uso da tecnologia.

“Com o boom da inteligência artificial e lançamento do ChatGPT, muitos investidores voltaram a lembrar dessas empresas e perceberam que grande parte da lucratividade futura da inteligência artificial vai ser concentrada nelas”, diz Leonardo Otero, sócio-fundador da Arbor Capital.

As estrelas da onda de IA

Um dos maiores destaques desse movimento é a Nvidia, fabricante de chips que serão centrais na infraestrutura para IA e cujas ações subiram mais de 220% neste ano.

A companhia chegou, quase do dia para a noite, ao seleto clube das empresas com valor de mercado de US$ 1 trilhão – estão nesse grupo somente Apple, Microsoft, Alphabet (dona do Google), Amazon e a petroleira Saudi Aramco, da Arábia Saudita.

Outro caso é a Microsoft, em que as ações chegaram a seu maior valor da história neste ano. A empresa tem participação direta na OpenAI (dona do ChatGPT) e, sobretudo, uma das maiores possibilidades de monetização em outras frentes, como em inteligência artificial no Office 365 corporativo. Os papéis acumulam alta de 50% desde janeiro.

Em outros casos, o momento afeta indiretamente todo o mercado tech, dos mais aos menos próximos de ganhos com IA no curto prazo. Amazon e Apple subiram quase 60% e 50% no ano, respectivamente, e a Alphabet, perto de 40%.

Já a Meta (dona de Facebook, WhatsApp e Instagram) disparou mais de 150%, após terminar 2022 cercada de desconfiança e deixando de lado o que então era uma aposta no metaverso. Nos últimos meses, a empresa fez ajustes operacionais, demitiu milhares de funcionários e o presidente Mark Zuckerberg diz que o foco é aprimorar a estrutura de IA da empresa.

O resto da economia ajuda

Apesar das apostas no futuro, parte relevante da alta recente, afirma Otero, da Arbor, vem do patamar baixo em que muitas dessas empresas estavam precificadas no fim do ano passado.

O ano havia terminado com temores fortes de uma recessão global, a maior inflação em décadas e sem fim à vista para a alta de juros. Para muitas empresas de tecnologia, isso significou capital mais caro, menor consumo e mercado publicitário apertando o freio (o que gera impacto direto em anúncios em empresas como Meta e Google).

Hoje, o cenário macroeconômico segue longe de favorável, mas a inflação americana voltou para 3% e a recessão global prometida, por ora, não veio.

“A obsessão da recessão está em jogo há mais de um ano, e as empresas usaram todo esse tempo para se preparar”, escreveram os estrategistas Madison Faller e Jonathan Linden, do banco JPMorgan, em nota a clientes no auge do rali das ações de tecnologia, em junho.

“O setor de tecnologia passou por vários trimestres de crescimento de ganhos negativos; mas, agora, as expectativas estão subindo novamente, o setor está liderando as revisões amplas dos lucros do mercado e as margens estão mais altas”, escreveram os analistas.

Mais detalhes sobre como tem se dado essa reestruturação das empresas virão a público nos próximos dias, com nova leva de balanços – Tesla e Netflix abrem a temporada de tecnologia na quinta-feira (20/7), e Meta, Microsoft e Alphabet reportam seus resultados na próxima semana. Passados os primeiros meses de novidade com as possibilidades da IA, o otimismo com as ações das big techs será agora posto à prova.

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