Inflação volta a superar teto da meta e ameaça ritmo de corte da Selic
Para especialistas, ficam frustradas as chances de um aumento da velocidade na redução da taxa de juros no país já a partir de março
atualizado
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Na avaliação de Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro, que mede a inflação oficial do Brasil, mostrou-se bem pior do que os principais números do indicador sugerem à primeira vista. De acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (8/2) pelo IBGE, o IPCA no mês passado foi de 0,42%, ante projeção de 0,34% feita pelo mercado.
Em relação à piora diante das expectativas, diz Sanchez: “Para se ter uma ideia, projetávamos que a média dos núcleos [itens com menor variação do indicador] iriam subir 0,29%, mas ocorreu uma alta de 0,41%. Nos serviços, a estimativa era de deflação de 0,08% e tivemos uma elevação de 0,02%. Para os serviços subjacentes, houve avanço de 0,76, ante nossa perspectiva de 0,65%”.
Para o economista, com os dados, frustraram-se aqueles que esperavam que o IPCA de janeiro indicasse uma eventual aceleração do corte de juros para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), em 19 e 20 de março. “Resta saber se o resultado foi ruim o suficiente para gerar maiores receios à continuidade do ritmo de queda da Selic”, afirmou. “Avaliamos que apesar de ruim, não se trata de um dado que irá alterar o plano de voo do Copom.”
Igor Cadilhac, economista do PicPay, acrescenta que, no acumulado nos últimos 12 meses, a inflação começou o ano em 4,51% e “voltou para cima do teto da meta”, que é de 4,5% em 2024. “Além da surpresa altista, do ponto de vista qualitativo, a leitura não foi favorável”, diz. “A piora dos núcleos, quase que generalizada, chama a atenção. Diante disso, há um sinal de alerta para a política monetária, que conversa bem com o balanço de riscos que o Banco Central descreveu na ata [da última reunião do Copom].”