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Inflação pode voltar a subir no 2º semestre e atrapalhar queda de juro

Para economistas, alta na inflação dos serviços e fim das medidas de desoneração dos combustíveis devem pôr fim a trégua do IPCA

atualizado

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Vinícius Schmidt/Metrópoles
Homem de costas olhando para prateleira de supermercado
1 de 1 Homem de costas olhando para prateleira de supermercado - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

A alta de mais de 4% da Bolsa de Valores ontem (11/4) é uma prova de que a trégua da inflação é um divisor de águas para os ânimos do mercado. A razão para isso é simples: o freio nos índices de preços é fundamental para o Banco Central iniciar a descida dos juros.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 4,65% em 12 meses. É a primeira vez que a inflação fica abaixo de 5% desde o início de 2021.

Economistas ouvidos pelo Metrópoles dizem, no entanto, que há obstáculos no horizonte. O Comitê de Política Monetária (Copom) não sinalizou uma queda dos juros na última reunião, realizada em 22 de março. Por isso, dificilmente a autoridade monetária decidirá reduzir a Selic no próximo encontro, que acontecerá em 3 de maio.

É mais provável que o início do ciclo de queda dos juros aconteça depois de julho. A questão é que, até lá, existe uma chance de a inflação voltar a ser uma preocupação.

“A inflação deve voltar a acelerar a partir do segundo semestre, quando o efeito da redução de impostos adotada pelo governo em 2022 tiver saído completamente da base do IPCA” avalia Claudia Moreno, economista do C6 Bank.

Raphael Vieira, head de investimentos da Arton Advisors, lembra que o principal fator que contribuiu para a desaceleração de preços foi a queda dos combustíveis.

Embora o governo tenha decidido reonerar parcialmente a gasolina e o etanol no início de março, os efeitos do corte de impostos promovido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro continuam a contribuir para a base da inflação, quando é considerado o recorte do acumulado em 12 meses.

Como tais medidas foram aprovada em meados de 2022, logo o efeito positivo dos dados vai desaparecer. Além disso, a Medida Provisória enviada pelo governo Lula para o Congresso para regrar a reoneração prevê a volta integral dos impostos sobre a gasolina e etanol a partir de julho, prazo de validade do próprio texto.

Caso os parlamentares não alterem essa condição, a volta dos tributos federais deve impactar os preços nas bombas dos postos e puxar a inflação para cima. É importante lembrar que os combustíveis têm efeito direto e indireto sobre a inflação, uma vez que impactam o orçamento familiar e o custo do transporte de outros bens.

Serviços

Moreno, do C6 Bank, alerta que, além dos combustíveis, os serviços, setor de importância para a economia e para o orçamento das famílias, deve contribuir para o repique inflacionário.

O grupo tem demonstrado uma alta resiliente no IPCA. No ano, o avanço dos preços do segmento supera a média da inflação e está, inclusive, acima do registrado no mesmo período do ano passado.

“Além de sofrer os efeitos da inércia inflacionária, os preços de serviços são pressionados pelo mercado de trabalho aquecido”, explica Moreno. O desemprego caiu para 7,9% no final de 2022, o menor patamar desde 2015.

Para o banco, o IPCA terminará o ano em 6%, acima do patamar atual e acima do teto da meta estipulada pelo Banco Central, de 4,75%.

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