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Inflação deve estourar o teto da meta pelo 3º ano seguido em 2023

Caso a expectativa de inflação de 5,4% em 2023 se confirme, presidente do BC terá de explicar de novo à Fazenda por que meta foi descumprida

atualizado

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Marcelo Camargo/Agência Brasil
O economista Roberto de Oliveira Campos Neto, indicado pela presidência da República para o cargo de presidente do Banco Central, durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado
1 de 1 O economista Roberto de Oliveira Campos Neto, indicado pela presidência da República para o cargo de presidente do Banco Central, durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Tudo indica que a inflação continuará a ser uma preocupação diária para os brasileiros em 2023. Segundo as expectativas medidas pelo Focus, pesquisa do Banco Central (BC) que reúne as projeções dos principais economistas do mercado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar o ano perto de 5,4%.

Se a expectativa se confirmar, será o terceiro ano em que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, terá que enviar uma carta ao ministro da Fazenda explicando por que a meta inflacionária foi descumprida.

A meta oficial estipula que o índice de preços fique em 3,5%, com uma margem de tolerância para mais ou para menos de 1,5 ponto percentual. Sendo assim, o teto da meta é de 5%. Em 2022, o IPCA ficou em 5,79%, e em 2021 foi de 10,06% no acumulado do ano.

Como dita o ritual, Campos Neto escreverá uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para explicar os motivos de o índice de preços ter estourado o teto da meta inflacionária no ano passado. Será o terceiro ano consecutivo em que o presidente do BC cumprirá a tarefa de envio da carta.

A última vez em que isso aconteceu foi no período de 2001 a 2003, quando coube a Armínio Fraga e Henrique Meirelles, presidentes do BC à época, explicar o descumprimento da meta.

Como chefe da Fazenda, Haddad é também o presidente do Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão responsável por estabelecer as metas para a inflação. O documento deverá ser divulgado no site do Banco Central às 18h30 desta terça-feira (10/1).

Inflação alta, apesar dos juros

Embora a inflação tenha sido mais baixa no ano passado, em relação aos 10% de 2021, economistas veem com preocupação os dados dos índices de preços.

A percepção é de que a meta inflacionária segue sendo descumprida apesar do relevante aperto monetário promovido pelo Banco Central – a taxa Selic foi de 2% em março de 2021 para 13,75% em dezembro passado.

“O mercado esperava uma inflação em 5,6% em 2022, então o dado oficial já foi pior que a expectativa. Para 2023, é esperada alguma desaceleração inflacionária, mas muitos fatores podem influenciar, como o dólar. O que parece certo é que a meta não será cumprida novamente”, reforça Bruno Mori, economista e sócio fundador da consultoria financeira Sarfin.

Além disso, medidas pontuais represaram o efeito negativo de alguns componentes sobre os índices de preços, como a decisão do governo de Jair Bolsonaro de reduzir os impostos sobre os combustíveis.

“Sem a redução do ICMS sobre os combustíveis, o IPCA poderia estar rondando entre os 8% ou 9%. Isso significa que a inflação brasileira tem se comportado de forma muito resiliente em relação à política monetária e que, talvez, novas doses de juros sejam necessárias”, avaliou o economista Benito Salomão, em publicação.

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