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Inflação de março foi boa, mas a de abril já assusta, diz economista

Para André Braz, do FGV Ibre, o IPCA deste mês deve captar o aumento dos remédios e ainda está sob pressão de alimentos

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A boa notícia já é conhecida. De acordo com dados divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira (10/4), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do Brasil, ficou em 0,16% em março, ante uma expectativa de 0,25% do mercado. Em fevereiro, ele havia registrado uma elevação de 0,83%. 

Já a notícia que pode não ser tão boa está em curso. Na avaliação do economista André Braz, coordenador dos índices de preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), embora positivo, o resultado da inflação de março está longe de indicar um cenário de “céu de brigadeiro” para o processo inflacionário. “Temos vários desafios pela frente”, diz Braz. E detalhe: eles começam desde já, a partir de abril.

Sobre a inflação de março, o economista observa que o grupo de “alimentação” puxou o IPCA, mas “desacelerou na comparação com fevereiro”. “Principalmente pelo efeito dos alimentos in natura”, afirma. “Eles continuam subindo de preço, mas num ritmo menor e foi isso que garantiu a queda do indicador.”

Braz observa que os outros grupos medidos pelo IPCA – no total, são nove – também se mantiveram comportados no mês passado. Destaca ainda que o índice de difusão de preços, que mede como o aumento se espalha pela economia, caiu de 58% para 56%. Desconsiderados os alimentos, ele passou de 58% para 52%. “Isso quer dizer que, em fevereiro, 58% dos produtos e serviços medidos pelo IBGE registraram alta e, em março, sem os alimentos, foram 52%”, diz. “Essa é uma boa notícia, mostra uma pressão inflacionária menor.”

Encrencas à frente

Para o economista, porém, o problema agora é o que vem pela frente. Braz nota que a “coleta de preços de alimentos não está mostrando uma desaceleração” em abril. Ao contrário, indica “uma interrupção da queda, ou mesmo, até um aumento de preços”. “Estou com medo do grupo alimentação já para abril”, diz.

Ele acrescenta que, neste mês, o IPCA também deve captar o aumento integral dos medicamentos, cuja elevação média foi de 4,5% e começou a valer a partir de 31 de março. Além disso, há dúvidas sobre uma eventual mudança do valor dos combustíveis, pressionados pela alta do petróleo. “O barril está em cerca de US$ 86 e, há um mês, estava em US$ 72. Isso pode mexer com a preço da gasolina e o diesel.” Além disso, analises indicam que a gasolina está defasada no Brasil em relação ao valor internacional do produto.

Braz nota que, se confirmado, esse conjunto de fatores – arrancada dos alimentos, captação do aumento de remédios e eventual elevação dos combustíveis – pode levar a inflação para “um nível diferente do que se viu em março”. “Se agora ela ficou abaixo de 0,2%, pode ficar próxima de 0,4% em abril”, afirma. 

 

 

 

 

 

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