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Industriais: falta de competitividade é obstáculo para produção de gás

Representantes da indústria reconheceram a importância do gás natural para o setor e pediram medidas para aumentar competitividade

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1 de 1 evento-fiesp - Foto: Fábio Matos/Metrópoles

A indústria brasileira, que conta com a expansão do gás natural no país para ganhar competitividade no mercado internacional em um momento no qual se destaca a transição energética, terá de superar muitos obstáculos para conseguir disputar espaço com potências como Estados Unidos, China e União Europeia.

A avaliação é de representantes da indústria que participaram nesta segunda-feira (17/4) do seminário “Gás brasileiro para a reindustrialização do Brasil”. O evento foi promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Pela manhã, o evento contou com a presença do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, e do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, além do presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva.

“Enquanto estamos dormindo eternamente em berço esplêndido, o chinês está lá trabalhando, em uma competição que nós não conseguimos chegar”, lamentou Lucien Belmonte, superintendente da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro) e diretor do Departamento de Infraestrutura (Deinfra) da Fiesp.

“Temos toda oportunidade à nossa frente. Temos gás, temos um país fantástico. O que nós precisamos é encarar todos os problemas que temos e não ficar apenas conversando”, prosseguiu Belmonte. “Nós estamos jogando as oportunidades fora. Acabamos não atraindo investimentos em novas fábricas porque a nossa indústria não é competitiva.”

André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), diz que o país tem “condições de avançar muito” no consumo de gás natural, mas precisa ser mais competitivo.

“Temos vários projetos em andamento na indústria química que podem ser efetivados com uma oferta suficiente adicional de gás natural a preços competitivos”, diz Cordeiro. “Quando o preço do gás gira em torno de US$ 18 no Brasil e US$ 6 nos EUA, a competitividade fica inviabilizada. Infelizmente, neste ano, a indústria química chegou ao ponto mais baixo de sua capacidade instalada nos últimos 17 anos”, lamenta.

Paulo Pedrosa, presidente da Abrace e conselheiro do Conselho de Infraestrutura (Coinfra) da Fiesp, entende que o Brasil sofre com um “ambiente global extremamente competitivo”.

“Os EUA, a União Europeia e a China estão desenvolvendo políticas importantes de transição energética, mas associadas à proteção de suas indústrias e cadeias produtivas. Isso pode terminar provocando uma nova desindustrialização do Brasil”, alerta.

“É um desafio, mas temos condições de superar. Temos uma matriz elétrica extremamente renovável e estamos vivendo uma sobreoferta de energia. Isso pode ser combinado com um grande projeto, a partir do pré-sal, para descarbonizar e promover a reindustrialização do Brasil a partir do uso do gás natural, que é o combustível da transição energética”, completou.

“Otimismo cauteloso”

Janaina Donas, presidente-executiva da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), avalia que o setor passa por um momento de “otimismo cauteloso”.

“Muito desse otimismo é resultado dos esforços que a própria cadeia fez em recuperar a competitividade e a resiliência. Mas é cauteloso porque se trata de uma commodity que está sujeita a oscilações no mercado, relacionadas à demanda e à oferta do produto”, observa.

Na indústria brasileira, o gás natural é utilizado como combustível para fornecimento de calor, geração de eletricidade e de força motriz. Além do potencial energético, é usado como matéria-prima do metanol, de fertilizantes (amônia e ureia), hidrogênio e outros produtos.

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Josué Gomes da Silva, Presidente da Fiesp
Vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e Josué Gomes da Silva, Presidente da Fiesp
Presidente da Petrobras, Jean Paul Prates
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